Victoria Bergsman é uma pessoa muito intuitiva e cada um de seus discos solo diz muito sobre o momento em que ela tem vivido ou outro que foi marcante para ela. Positivamente ou não, é assim que Taken By Trees trilha sua rota dentro da música, através de sensações e arranjos recheados de significados altamente pessoais.
O álbum traz como memória afetiva uma recente viagem da cantora ao Hawaii, contexto esse que revela todo o trâmite e sonoridade envolvida no terceiro lançamento de Victoria. Com timbres eletrônicos que remetem à maresia, devido a variação de altos e baixos, com influências da Surf Music e recheada de guitarras havaianas, xilofones e marimbas do começo ao fim. Os vocais leves em alguns momentos quase passam desapercebidos, aparentando que o disco é uma compilação musical para um final de tarde à beira mar.
A percussão inclusa no material inédito soa totalmente orgânica, tendo momentos em que apenas palmas são suficientes para ritmar toda uma faixa. A inserção de sintetizadores metalizados dão o diferencial e é o mais próximo de ritmos plenamente eletrônicos vistos por aqui, já que sua presença é também muito sutil e quase sempre relativa ao ritmo praiano emplacado desde a versão inicial.
O verão animado e efusivo encontrado na maioria de discos voltados a essa temática batem de frente com o ideal de Bergsman nesse trabalho, que apresenta vasta letargia e total relação com a ressaca do mar, um trabalho leve e um tantor recomendado para momentos de relaxamento e audições sem a pretensão de ser ouvida com plena atenção. Fechando os olhos é possível vestir os chinelos, colocar os fones de ouvido, aproveitar o passeio na orla e a brisa quente do litoral.