Resenhas

King Gizzard And The Lizard Wizard – Gumboot Soup

Excelente trabalho encerra o projeto faraônico da banda

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Ano: 2017
Selo: Flightless
# Faixas: 11
Estilos: Rock Progressivo, Rock Psicodélico
Duração: 44
Nota: 4.0

Pois é, a banda australiana King Gizzard And The Lizard Wizard foi tão produtiva em 2017 que nem deu tempo de acompanhar todos os seus lançamentos. Mas tudo bem, a gente começa 2018 dizendo que, sim, a empreitada do grupo que prometeu entregar cinco álbuns no ano passado foi, afinal, muito bem sucedida: Gumboot Soup é o arremate preciso de seus antecessores, que joga com os elementos explorados com elegância técnica, sem abrir mão da maluquice.

O septeto sempre experimentou com as possibilidades do Rock Psicodélico, mas, mais do que isso, ao longo do ano passado atribuiu uma pegada conceitual a cada lançamento. Flying Microtonal Banana, por exemplo, brincava com a música microtonal. Murder Of The Universe, por sua vez, adentrou o universo da spoken word. Já em Polygondwanaland a banda fragmentou-se dentro da polirritmia, além de liberar a master do trabalho gratuitamente pros fãs prensarem seus próprios discos.

Ou seja, embora a banda sempre tenha mantido um interesse fixo na sonoridade dos anos 70, cada álbum trazia sua especificidade. Gumboot Soup, no entanto, fecha o projeto faraônico da banda, soando como um balanço entre tudo o que foi experimentado até aqui. Ao invés do foco em um álbum conceitual, a banda apostou suas fichas no desenvolvimento das faixas individualmente, o que, se por um lado, faz o trabalho soar menos coeso, de outro, traz uma equalização de fatores que joga a favor do ouvinte.

Gumboot Soup vem com músicas que acabaram sobrando da produção de seus antecessores, excertos que não haviam, até agora encontrado lugar. O balanço entre a pegada mais manhosa, mais puxada para o groove, e a crocância do fuzz, traduz uma dinâmica agradável de se ouvir, rara de encontrar na banda até então – mais explorada, talvez, apenas no álbum Paper Mâché Dream Balloon. As faixas Beginner’s Luck, Superposition e Down The Sink são destaques, pois vem com uma malemolência que consagra a banda como uma das mais interessantes da atualidade. Se os australianos concentrarem a energia em um trabalho só neste ano, é melhor a concorrência ficar esperta, pois as chances dos malucos entrarem para a lista de melhores do ano é grande.

(Gumboot Soup em uma música: The Great Chain of Being)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte