Resenhas

Tove Lo – BLUE LIPS (lady wood phase II)

Ambicioso trabalho continua legado Pop da cantora e constrói novo repertório

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Ano: 2017
Selo: Island
# Faixas: 14
Estilos: Disco, Pop
Duração: 44:00
Nota: 4.0
Produção: Choukri Gustmann, Alex Hope Jack & Coke Lulou, Ali Payami, The Struts, Gustav Weber Vernet

O legado da música Pop sueca parece resistir com louvor nos atos de Tove Lo – seguindo a estética à risca do gênero, a cantora adoça mais uma vezes os ouvidos de seu público com um disco repleto de canções voltadas ao Dance Pop imortalizado pelos conterrâneo ABBA. BLUE LIPS (lady wood phase II), como indica em seu título, é a continuação de um ambicioso projeto que começara em Lady Wood, trabalho que a fez despontar globalmente e que, inclusive, a trouxe ao Brasil no Lollapalooza de 2017.

Dividido em duas partes antagônicas, LIGHT BEAMS e PITCH BLACK, o trabalho se confunde entre faixas para a pista de dança e outras para chorar lamentos amorosos. Intencional, a balança acaba puxando o ouvinte para extremos distintos: os primeiros momentos são catapultados por disco tits, shedontknowbutsheknows, stranger e bitches com sensações hedonistas e convidativas ao flerte com inesperado, enquanto a segunda parte é muito mais contemplativa e triste. Tove Lo utiliza sua potente voz aliada a baladas feitas para tanto embalar trilhas sonoras como romances intensos.

É perceptível a mudança de tom quando PITCH BLACK entra: tons mais pesados e graves tomam conta das faixas seguintes, mais melódicas e talvez épicas, como romantics, que é facilmente imaginada num show como um momento de comoção geral. Assim como Lorde em algumas composições, outra diva dentro do gênero, a cantora sueca se aproxima em sua produção do R&B norte-americano na faixa, mas parece tentar mesclar sensações, sem nunca seguir uma estética única. cycles é o alfabeto do Pop de hoje e isso é um elogio – mesmo com um desfecho óbvio, a faixa convence quando parece grudar na sua cabeça ao fim do dia.

No entanto, a divisão do disco a partir de lados antagônicos parece funcionar melhor em um formato de vinil do que na música digital – ouvir BLUE LIPS do começo ao fim pode se tornar confuso, mesmo que seja cirúrgico em seu Pop, sendo LIGHT BEAMS o lado mais apelativo e interessante. Quando Tove Lo se aproveita do melodrama para seguir em baladas arrastadas, vemos o seu lado humano vir à tona nos temas, mas também a falta de novidade para quem talvez só quisesse dançar ao seu redor. Caso encarada como lado A e lado B, as coisas fazem muito mais sentido.

Mesmo assim, o amadurecimento da cantora é notório e comparar os temas vistos nesse disco com faixas antigas, como Like Em Young, é como pesquisar os primeiros tweets ou posts que você fez na vida – você vai se deparar com inocência e ignorância que, felizmente, não existem mais. Isso em um caso de evolução pessoal, algo que Tove Lo encontra em grande parte de sua nova obra. A sensualidade e feminilidade exibidas aqui a colocam diante de suas decisões sem pensar nas consequências, e isso é ótimo.

(BLUE LIPS em uma música: shedontknowbutsheknows)

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BOM PARA QUEM OUVE: Lorde, Rihanna, Marina And The Diamonds
ARTISTA: Tove Lo
MARCADORES: Disco, Pop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.