Resenhas

Hope Sandoval & the Warm Inventions – Son of a Lady

Três músicas lindas formam EP praticamente perfeito

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Ano: 2017
Selo: Tendril Tales
# Faixas: 3
Estilos: Rock Alternativo, Folk Alternativo, Shoegaze
Duração: 12:10
Nota: 4.0
Produção: Colm Ó Cíosóig

Se você quer uma pausa de doze minutos na correria do seu cotidiano, recomendo fortemente este EP. São três canções que vão fazer você submergir num mar morno e feliz de sentimentos e sensações, tendo a voz maviosa e maravilhosa de Hope Sandoval, uma das melhores guias que este tipo de situação pode pedir. Ao lado dela, pilotando o arcabouço sonoro, estará Colm Ó Cíosóig, ex-My Bloody Valentine, que, atende pelo nome de Warm Inventions propriamente dito. É com suas mirabolâncias climáticas, derivadas do Shoegaze, que Hope atinge níveis altíssimos de amor.

Quem é mais velho e estava por aqui nos anos 1990, lembrará da moça à frente da banda Mazzy Star, um dos belos segredos daqueles tempos. Foram poucas gravações, algo que se tornou uma marca registrada de Hope, ela não entra em estúdio se não tiver algo a dizer e, quando o faz, encanta, cativa e faz a gente se sentir melhor. No caso deste EP, a dupla dá sequência ao disco que lançou no ano passado, Until The Hunter.

Uma das faixas selecionadas aqui, Let Me Get There, é uma versão acústica – e melhor – do registro que consta no disco, que trazia a participação de Kurt Vile. O registro apenas com a voz de Hope e o instrumental despojado – violões e alguns pingos de teclados – dá mais profundidade e sentimento à canção, fazendo-a funcionar melhor. As outras duas faixas são inéditas e inebriantes de tão belas. Sleep tem baixo acústico – tocado por Damon Anderson – e uma linha melódica que vai trazer algumas lembranças de coisas que não se realizaram há uns 20, 25 anos, isso, claro, se você for este crítico musical. Imagino que a canção venha com um dispositivo de futuro do pretérito capaz de se adaptar a todo e qualquer ouvinte. No fim das contas, a sensação é ótima e reconfortante. Logo depois, Son Of A Lady, com cordas, teclados e violões/baixos, tem algo indizível que lembra grandes canções Soul de modalidade romântica e baladeira, algo que, certamente é delírio deste ouvinte, mas, assim como a faixa anterior, é fácil supor que também haja um dispositivo metamórfico embutido em algum lugar.

Com agridoçura, voz, beleza e economia grandiosa de elementos, este EP, como quem não quer nada, vai levar um belo de um selo Ouça e só não arrebata cotação maior porque contém apenas três faixas. Se o nível se mantiver, imagina só como será para cotar os próximos. Uma lindeza sem par.

(Son Of A Lady em uma faixa: não dá pra escolher, escutem as três)

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.