Resenhas

Bedouine – Bedouine

De enorme beleza, obra é prejudicada pela mansidão presente em todas as faixas

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Ano: 2017
Selo: Spacebomb Records
# Faixas: 10
Duração: 36'
Nota: 4.0

Se você conheceu o trabalho de Bedouine em algum momento ao longo dos últimos meses, durante a divulgação do lançamento de seu primeiro álbum, é bem capaz que, ao ouvir músicas como Solitary Daughter e Dusty Eyes, já conseguisse ter uma ideia do que esperar do dele. E agora que Bedouine saiu, fica a sensação de que Azniv Korkejian entregou uma obra sem grandes surpresas, mas que não decepciona por sua alta qualidade e beleza.

As dez faixas que compõem o repertório trabalham a sonoridade meio Folk, meio nostálgica que ouvimos nos singles, sempre com um grande conteúdo autobiográfico (a palavra “I”, “eu”, é repetida com grande frequência ao longo do álbum) acompanhado pelo vocal suave e carismático da cantora. Por falar em carisma, há alguns pequenos detalhes ao longo do disco que sabem seduzir o ouvinte, seja o coro pegajoso (na abertura Nice and Quiet) ou o um os refrões alternados por instrumentos de sopro em Back to You. São minúcias que revelam mais do que um capricho certeiro na produção, mas essa intencionalidade de criar um trabalho que segue na conquista do ouvinte a cada momento.

Esse recurso, na verdade, revela que a artista conhece o principal problema de Bedouine, seu clima muito específico que impera por todo o álbum e que pode (e vai) ser tido como “entediante” por alguns, não só por não trazer mudanças muito específicas na sonoridade geral de uma música para outra, mas por elas serem, no geral, bastante tranquilas. Está longe de ser chato, porém é um disco que, protagonizado por uma voz tão delicada em uma sonoridade branda, pode sim dar sono.

É uma pena que seja justamente esse o principal defeito do disco, até porque pode desencorajar o ouvinte menos dedicado a chegar em sua segunda metade, que é onde ele guarda seu maior valor. Summer Cold, uma música arrastada que se aproxima bastante do Rock Alternativo mais sentimental, antecede uma das sequências mais bonitas da temporada, com as primorosas Mind’s Eye e You Kill Me. Ambas são músicas que parecem mostrar ainda mais as melhores qualidades da cantora como compositora e intérprete do que aquelas escolhidas para divulgar o disco.

Portanto, se você já conhece Bedouine, sabe bem o que esperar desse seu álbum de estreia. Se ouvirá agora pela primeira vez, vale a pena guardá-lo para um momento especial da sua atenção e disposição para passar pouco mais de meia hora contemplando sua grande beleza.

(Bedouine em uma música: Back to You)

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.