Palehound é uma banda norte americana liderada por Ellen Kempner. Seu álbum de estreia, Dry Food, mostrava uma fluência despojada entre o Indie Rock e o Grunge e, acima de tudo, uma autenticidade rara para um gênero musical sobrecarregado de representantes. Dois anos depois, A Place I’ll Always Go chega como um salto qualitativo na discografia da banda e mostra o quanto o projeto foi capaz de amadurecer em pouco tempo.
A atmosfera granulada de Hunter’s Gun, o timbre melancólico de Room e a voz sussurrada de Kempner em Feeling Fruit mostram que, embora Palehound ainda seja a mesma, a banda inclinou-se para um novo território. Se antes era possível elencar Speedy Ortiz e Waxahatchee como formadoras de um espectro que abarcava Palehound, agora as maquinações obsessivas de Kempner a respeito da vida cotidiana colocam-na mais ao lado de Alvvays ou Cate Le Bon. Se tal aspecto é evidente no título do trabalho – um local para o qual sempre se volta -, Kempner desenvolve o tema em ótimas faixas como Feeling Fruit, na qual uma incursão pelo corredor de frutas no supermercado desencadeia uma epifania existencial.
A repetição das miudezas da vida, e o retrato desgastado das coisas comuns são o substrato lírico de Kempner em A Place I’ll Always Go, um álbum que sabe contar uma história com ritmo, sem mudar necessariamente de assunto. Esta é uma curva muito bem vinda para o som retilíneo que a banda havia apresentado em sua estreia.
(A Place I’ll Always Go em uma música: Feeling Fruit)