Resenhas

(Sandy) Alex G – Rocket

Obra de cantautor norte-americano é um dos destaques do semestre

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Ano: 2017
Selo: Domino
# Faixas: 14
Estilos: Americana, Lo-Fi, Singer-Songwriter
Duração: 41
Nota: 4.0
Produção: Alexander Giannascoli, Jacob Portrait

Alexander Giannascoli, ou ainda (Sandy) Alex G, é um músico estadunidense de apenas 24 anos de idade que tem feito algum barulho no underground desde que começou a publicar seus álbuns independentes através de sua página no Bandcamp. No entanto, desde o ano passado, uma atenção incomum depositou-se sobre o rapaz após um convite para uma participação inusitada: o músico é um dos figurantes de Blonde, último álbum do fenômeno do Pop Alternativo Frank Ocean, tocando guitarra nas faixas White Ferrari e Self Control. Este Rocket, sequência do ótimo Beach Music, é o primeiro do artista com tanta responsabilidade sobre os ombros.

E que ótimo descobrir que o sucesso repentino não subiu a cabeça do jovem compositor, já que o artista brilha como uma jóia dentro do time dos bedroom producers, compilando álbuns Lo-fi, feitos de dentro do quarto, sujismundos, mas de uma sinceridade estética que serve para dar uma arejada na artificialidade impecável das superproduções. Rocket mantém-se na linha de pensamento de seus antecessores e equipara-se com alguns dos exemplos mais interessantes do gênero nos últimos tempos, como Angelo de Augustine, Kiran Leonard ou Oliver Wilde, apadrinhados por grandes nomes vindos dos anos 90, carregando consigo uma nostalgia Indie Alternativa que encontramos em gente como Sparklehorse, Daniel Johnston e, é claro, Elliott Smith.

Abrindo seu coração introvertido, Alex G chama para ajudar na produção Jacob Portrait (Unknown Mortal Orchestra), o que traz ares bucólicos ao seu trabalho. Natural da Filadélfia, Rocket não ostenta um ar idílico, de comunhão com a natureza, mas traz consigo a desolação de paisagens descampadas e gélidas do norte dos EUA. Há aqui aquele desconforto autobiográfico de uma vida tediosa de cidade pequena, aquele gosto de pizza gelada no café da manhã e aquela intimidade da pilha de roupas sujas em cima da cadeira no canto do quarto. O espírito Singer-Songwriter temperado pela Americana é a marca registrada deste trabalho, que oscila entre canções mais tortas (County), outras mais triviais (Proud), além das mais experimentais (Sportstar tem um brilho metálico de autotune que pode ser encarado como uma resposta jovial à Frank Ocean).

É um alívio e uma inspiração ouvir Rocket, um trabalho que faz a gente acreditar em coisas mais sinceras, em tempos mais simples e uma vida mais convivial. É também um bom convite para os leigos na obra do músico darem uma rebobinada em seu passado mais obscurecido. Um dos grandes lançamentos do ano até agora.

(Rocket em uma música: Bobby)

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Autor:

é músico e escreve sobre arte