Resenhas

Kate Nash – Agenda EP

Trabalho financiado a partir de fãs derrapa ao não desenvolver novos caminhos

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Ano: 2017
Selo: Girl Gang
# Faixas: 4
Estilos: Indie Pop
Duração: 15:00
Nota: 2.5
Produção: Kate Nash

Dez anos se passaram desde que Kate Nash despontou ao mundo com o grudento single Foundations – música que dificilmente foi esquecida desde seu lançamento ao se tornar figura carimbada em diversas propagandas. O longo período que separa o disco Made of Bricks (2007) e seu novo EP, Agenda, talvez explique o pequeno impacto que o ouvinte tem ao fim de 15 minutos de audição.

Se a figura frágil e fofa de Kate a fez despontar como fenômeno Pop na década passada, atualmente tal construção artística já parece nascer datada. Call Me, por exemplo, tem esse mesmo ímpeto em seu refrão, mas parece trazer em seus versos uma cantora madura e alinhada com atos poderosos, como Haim. Essa bipolaridade causa um certo estranhamento e acaba por transformar-se em um ensaio incompleto. O fato do disco ter sido financiado a partir de fãs na plataforma Kickstarter pode explicar a ambiguidade que ronda a obra como um todo.

Agenda, single chefe e título do EP, traz a cantora perto do Pop Eletrônico com batidas Hip Hop que Missy Elliot fazia há pelos 15 anos. Mais uma vez com uma variação distinta em sua segunda metade, a faixa é excêntrica e um pouco infantil, mas, apesar de tudo, parece se tornar um produto um pouco mais contemporâneo e apropriado ao que cantora de sucesso que procura retomar em sua carreira.

O único momento que se mostra realmente interessante na obra como um todo é One Eye, balada romântica com atmosfera de Velho Oeste que coloca Nash em uma composição completamente irônica. Toda a fofura de sua voz e melodias de violão revelam uma história sobre traição masculina e a sua consequente ameaça ao cônjuge que passa a dormir com um olho aberto a noite inteira por medo.

A desconstrução da fofurice de Nash parece ser ainda mais necessária em tempos em que a figura feminina na música atual procura força à fragilidade – sinal positivo de mudança. No entanto, a figura artística da cantora, patina ao tentar ser muitas coisas ao mesmo tempo, sem perder sua origem e sem tomar uma direção clara, deixando seu novo EP confuso e, acima de tudo, pouco relevante dentro do Pop atual. Resta aguardar para entender se esse novo vôo irá prosperar em coisas realmente poderosas ou apenas um retorno aos velhos tempos.

(Agenda em uma música: One Eye)

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BOM PARA QUEM OUVE: Lily Allen, Florence + The Machine
ARTISTA: Kate Nash
MARCADORES: Indie Pop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.