Resenhas

Sondre Lerche – Pleasure

Em seu oitavo trabalho, compositor brinca com o limite entre o prazer e o desconforto

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Ano: 2017
Selo: PLZ
# Faixas: 10
Estilos: Synthpop, Singer-Songwriter
Duração: 46
Nota: 2.5
Produção: Sondre Lerche, Kato Ådland, Matias Tellez

O artista norueguês Sondre Lerche tem apenas 34 anos de idade, mas metade destes são dedicados a sua carreira profissional. E considerar os anos de labuta do artista é reconhecer a habilidade do músico em seu novo lançamento: Pleasure, trabalho que evoca o Synthpop oitentista, é o oitavo de sua discografia e mantém-se focado nas artimanhas líricas do compositor.

A introdução do álbum é uma espécie de afirmação categórica do que ouviremos a seguir. A faixa Soft Feelings abiscoita os conhecidos sintetizadores de Bizarre Love Triangle, música de New Order, e incorpora-os em uma melodia anti-intuitiva. O ar de estranheza que a música provoca é uma estratégia arriscada, uma vez que é necessário coragem para subverter um hit dançante a uma versão que não pretende ser tão diferente assim do seu contexto original.

O tempo todo, Pleasure joga com a percepção do ouvinte: o artista desafina algumas notas, o áudio parece rasgado em alguns momentos, e algumas faixas se arrastam num ritmo dançante que se converte, pela demora, em monocórdico. Este estratégia acaba por revelar-se como um tradução da temática do álbum. Pleasure fala do limite tênue e desconfortável entre carinho e agressão, intimidade e abuso. Esta característica aparece reforçada em várias situações ao longo do trabalho, como na confiança/subserviência da barba feita com navalha no clipe de Serenading In The Trenches, na figura do amante/voyeur abusivo em I’m Always Watching You e na afirmação de que o amor é um jogo violento em Violent Game.

Apesar de assumir uma postura segura, a esquisitice pode incomodar um ouvinte que ainda precisa ser seduzido pela sonoridade que Lerche oferece. Para aqueles familiarizados com o artista, o veredito permanece o mesmo: Pleasure mantém a média do artista e assenta-se segura na homogeneidade de sua carreira, desenvolvendo ainda mais a malícia de seu lado compositor.

(Pleasure em uma música: Violent Game)

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BOM PARA QUEM OUVE: Vilde, Conor Oberst, Jens Lekman
ARTISTA: Sondre Lerche

Autor:

é músico e escreve sobre arte