Resenhas

Stealing Sheep – Into The Diamond Sun

Os quase dois anos de espera que separam o primeiro buzz do trio e o disco renderam experiência e belas composições para este seu álbum de estreia

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Ano: 2012
Selo: Heavenly Records
# Faixas: 11
Estilos: Freak Folk, Psicodelia
Duração: 39:35
Nota: 4.0
Produção: Sam Crombie

O trio inglês Stealing Sheep construiu um álbum que, de tão singular, revela uma nova preciosidade a cada nova audição. As onze faixas de Into The Diamond Sun, assim como um diamante, parecem ter sido cuidadosamente lapidadas até assumir a forma que nos é apresentada neste trabalho, mas ainda assim mantém resquícios da beleza da pedra bruta. Explorando muito bem elementos percussivos e suas harmonias vocais, as garotas usam elementos do Freak Folk e da Psicodelia para construir um disco caleidoscópico e multifacetado.

Por mais que essa mistura pareça à primeira vista uma coisa estranha, ainda mais quando ao apertar o play ouvem-se batuques quase tribais, o encontro entre vozes femininas, a presença marcante de uma guitarra, as palmas e as pinceladas do sintetizador – elementos que seguirão no álbum até o fim -, ela é, de fato, bem simples e cativante.

The Garden, música que abre o disco, é quase um mantra enquanto em Shut Eye a banda segue para um lado mais lúdico, no qual as guitarras aparecem com menor frequência e os vocais ganham destaque, assim como alguns metais que surgem no fim da faixa. Rearrenge apresenta outra mudança, com um refrão pegajoso e backing vocals bem posicionados. A canção parece pegar emprestado do Doo Wop um pouco do seu charme.

Veja que só se passaram três músicas até agora e o disco já passeou pelos mais diversos lugares. Essa vontade quase infreável das moças de experimentar com tudo continua pelas demais canções, apresentando um humor e uma vibe completamente diferentes em cada uma delas. A dobradinha de faixas White Lies e Genevieve continua esse ímpeto das garotas, mostrando mais facetas desse trio. A primeira segue um ritmo veloz com uma percussão que lembra uma marcha, enquanto a segunda soa como um Jangle Pop acelerado em que as belas melodias da guitarra ganham destaque.

Quase ao fim da obra, nos deparamos com uma música, no mínimo, peculiar. Shark Song é uma daquelas que, mesmo inseridas no contexto quase experimental do disco, se destacam pela estranheza que causa ao ouvinte. “Sharks are big and sharks are scary” é a frase que abre essa divertida faixa que basicamente discorre sobre medo de tubarões. Bear Tracks é outra que pode ser considerada “estranha”: com seus mais de nove minutos, ela se divide em várias partes, alternando em momentos mais calmos, agitados e a belíssima balada de piano que encerra o álbum.

Expansivo, Pop, Psicodélico. Acho que todos esses adjetivos conseguem traduzir um pouco deste álbum, mas como a proposta aqui é juntar tudo e experimentar, faria mais sentido colocá-los todo juntos nessa descrição. Into The Diamond Sun é um daqueles discos em que, talvez com mais audições, você redescubra uma música que de primeira não te chamou a atenção. Então, as preciosidades estão aqui, só falta você trazê-las à superfície – felizmente, isso não demanda um esforço muito grande.

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BOM PARA QUEM OUVE: Trails and Ways, Lucy Rose, CocoRosie
MARCADORES: Freak Folk, Psicodelia

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts