História Universal do Esquecimento poderia facilmente ser descrito como um apanhado de sinceridades musicadas, pequenos contos sobre o nosso cotidiano ou mesmo histórias que outros nos contam, transformadas em belas canções. Em seu quinto registro, a banda paulistana Lestics consegue colocar em suas músicas, emoções, sensações e pensamentos que se comunicam com muita gente e talvez venha daí o “Universal” do título – ou até mesmo pluralidade sonora que o grupo atinge neste disco.
As construções líricas da dupla Olavo Rocha e Umberto Serpieri são o grande ponto forte do álbum. Suas letras tratam dos mais diversos temas como amor, solidão, esperança, saudades, romantismo e melancolia, sempre com versos sutis que se arquitetam criativamente em belas composições.
A pluralidade de temas é bem grande, mostrando a versatilidade dos letristas em tratar de diversos temas com uma visão bem singular. Exemplo disso é a baladinha sessentista Quinze mil dias, que traz olhar diferenciado da saudade de algum lugar ou o desajuste que se sente ao estar em lugar diferente, ou nas faixas Fome e Pequena Guernica que criam um clima de tensão no disco.
Os temas amorosos se apresentam de duas formas: com uma visão esperançosa e quase juvenil em Enquanto Espero, que rendeu um dos melhores versos do disco (“Você pode ir decidindo enquanto beija/ e eu posso ir te beijando enquanto espero”), ou de uma forma desdenhosa em A mesma decepção (“Na minha imaginação/ Seu Perfume Era Discreto/ Suas pernas eram longas/ Seu sorriso era completo”).
A banda consegue trazer para seu trabalho uma serie de influências sem necessariamente se prender a elas como espinha dorsal dele. Logo na primeira música é apresentada a faceta mais Pop do disco, com O Baile, em uma forte balada guiada pelo piando e por um ritmo acelerado da percussão. Um Palhaço tem uma um clima denso, criado pelas pesadas notas que saem do piano que acompanha também a tensão da letra. O álbum continua apresentando suas variações com um leve tempero do Soft Rock em Quinze mil dias, brinca com o Jazz em Pior que eu, e se aproxima do Folk Rock em Fome.
As onze faixas do disco se constroem muito bem, tanto liricamente, quanto sonoramente, fazendo deste um trabalho muito acessível. Mesmo o grupo não tendo em mente o sucesso radiofônico sua música parece rumar para estes lados, por trazer boas canções de uma forma simples e muito palatável para o grande público.