Resenhas

Posada – Isabel

Canções baseadas em violão formam grande disco Punk com sotaque brasileiro

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Ano: 2017
Selo: Coqueiro Verde
# Faixas: 9
Estilos: Pós-MPB, Folk, Punk
Duração: 26'
Nota: 4.0

Sem o Clã, Carlos Posada inicou 2017 com um manifesto de sua poesia e de sua maturidade, que chegou em formato de um disco adornado pela leveza dos timbres acústicos.

Você até encontrará um baixo ou outro instrumento aqui ou ali em Isabel, mas sua memória registrará mesmo o “voz e violão” tão cheio de presença com a força, a familiaridade e a natural beleza que o regionalismo imprime – em sotaque e em referência orgânica – a canções de cunho contemporâneo e cosmopolita.

Isso porque os arranjos, bonitos como são, mais parecem versões adaptadas de músicas de banda completa, interpretadas aqui com o mesmo espírito Punk que teriam em timbres elétricos – e isso não vale para as já conhecidas Castanho e Cadafalso, incluídas no repertório sob o tal formato.

Remoendo (com Duda Brack, quem primeiro gravou Cadafalso), Norte e Embruteci talvez sejam as que melhor ilustrem essa possibilidade estética. A opção pelos violões, contudo, amparam versos como “Vou me ater aos fatos/o amor nunca falhou” (Norte) e “O que eu sou, eu sou em par/Não cheguei, não cheguei sozinho” (Castanho) de uma maneira que os valoriza, já que eles não se perdem em um segundo plano, inibidos pelo alto volume da banda cheia.

Em meio a tudo isso, ainda há Aguais, faixa instrumental que parece aproximar Folk e Post-Rock em sua ambientação, sem perder a mão brasileira. E é esse clima que define tanto Posada, quanto Isabel, esse baião de dois ou mais elementos com a herança cultural do ontem regofada na panela de 2017. Com lançamento em janeiro, o disco deve ecoar pelos meses nos ouvidos certos e pelo tal do sempre como um belo marco na discografia do poeta.

(Isabel em uma música: Embruteci)

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BOM PARA QUEM OUVE: Lenine, Jair Naves, Cícero
MARCADORES: Pós-MPB

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.