Resenhas

Taylor Hawkins – KOTA

Baterista da banda Foo Fighters se sai bem em EP solo

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Ano: 2016
Selo: Independente
# Faixas: 6
Estilos: Rock, Rock Alternativo, Hard Rock
Duração: 19:29
Nota: 3.0
Produção: Taylor Hawkins

Não deveria ser novidade pra ninguém o amor que o pessoal de Foo Fighters tem pelo Rock mais clássico. Apesar da banda ser bastante expressiva no cenário musical global, quando pensamos nos sujeitos, a apenas a figura midiática de Dave Grohl parece ter voz e pensamentos representativos. Ledo engano. O baterista Taylor Hawkins, apesar de ser, talvez, a segunda figura mais conhecida do grupo de Seattle, dá agora o seu recado em forma de um EP independente. Imagino o quão refrescante seja a ideia de fazer algo livre de parâmetros comerciais, baseado apenas no que se gosta. No caso de Taylor, que é um bom instrumentista e dono de voz bastante satisfatória, gravar um feixe de seis canções, misturando suas influências primordiais, deve equivaler a uma boa festança no estúdio.

Não é a primeira pulada de cerca que Taylor empreende após integrar as fileiras de sua banda principal. Já participou de projetos paralelos e colaborou com vários artistas, mas esta é a primeira vez que ele assina um álbum sozinho. Além disso, o sujeito embrenhou-se no estúdio, gravou quase tudo sozinho, colocou vozes e recebeu “alguns companheiros de guerra” para participações. Nenhum desses nomes foi revelado até agora, mas isso pouco faz diferença no resultado final, que é bem legal. Taylor junta sua herança de moleque americano do Texas, fã do Rockão mais clássico de bandas setentistas como Kiss, Rush e Queen, com melodias mais rápidas e apunkalhadas, cortesia de gente como Husker Dü e Sonic Youth, obtendo uma liga bem acima da média. Evidentemente é um disco de fã.

Mesmo que tudo pareça informal e arejado na proposta e na execução, há momentos muito legais por aqui. A faixa de abertura, Range Rover Bitch, tem a manha de misturar um riff enguitarrado clássico setentista com uma batida que remete a algo noventista, que empresta groove e informalidade de rua ao som. Mais Rock clássico surge em Bob Quit His Job, dessa vez soando como bandas mais próximas do Powerpop, caso de Cheap Trick e filhotes. Este também é o mesmo caso de Southern Belles, talvez a mais pesadinha do disco, ainda que tenha um refrão melódico bem simpático. A clássica balada de arena ameaça surgir com Rudy, que tem até introdução pianística canastrona, como manda o manual dessas bandas, mas emenda uma melodia que parece uma demo tape de Queen, fase 1974. Tokyo No No é mais próxima do que Foo Fighters vem fazendo há algum tempo, gritada, aerodinâmica e … banal. I’ve Got Some Not Beign Around You To Do Today também reza na cartilha das canções foo, mantendo o mesmo padrão descrito acima.

Se este EP servir para o fã do Rock mais atual e/ou noventista conhecer alguns dinossauros setentistas, já terá valido a pena. Como produto musical, apesar de bem tocado e conter sujeirinhas intencionais na produção que lhe conferem uma cara (real) de espontaneidade, não deve ter muito potencial para cavar um lugarzinho nem na memória do mais fanático dos admiradores de Foo Fighters ou de algo no gênero. Serve como curiosidade.

(KOTA em uma música: Range Rover Bitch)

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BOM PARA QUEM OUVE: Kiss, Queen, Bob Mould

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.