O grupo inglês White Lies atingiu um patamar de destaque na música Indie justamente enquanto o estilo soltava as últimas borbulhas de sua efervescência. Big TV, de 2013, segue sendo, por enquanto, o momento mais inspirado da banda, que enxerga nos anos 80 sua fonte de referências. Friends, seu lançamento da vez, ainda segue pelo mesmo caminho, mas, enquanto procura transformar sua música em algo mais acessível e dançante, acaba por assentar em fórmulas gastas e pouco cativantes.
Friends lança, logo de início e sem ressalvas, as influências que procura reproduzir e, assim, contextualiza sem demora o seu ouvinte. Portanto, se o título Take It Out On Me nos faz pensar em A-ha, seu baixo encorpado e as linhas de sinuosas de sintetizador evocam Tears for Fears. Hold Back Your Love segue a linha de David Bowie em sua Let’s Dance. Ao longo do álbum, citações a Blondie, Depeche Mode e New Order também aparecem, em uma mescla de homenagens e apropriações. Com isso, a intenção da banda parece ser a de unir um tema melancólico – a solidão e o afastamento dos amigos -, com uma roupagem dançante.
A primeira metade do trabalho, justamente pelas inúmeras referências nostálgicas que evoca, e pela confluência de seu tema com o tipo de apropriação que faz (nada melhor do que referenciar um passado ideal nas músicas enquanto fala dos amigos de infância que se afastaram), flui com astúcia. A partir de Summer Didn’t Change a Thing, no entanto, a presença de lugares comuns, assim como o andamento que dá a impressão de soar cada vez mais arrastado, dissipam o que até então tornava Friends uma experiência envolvente. O álbum acaba por contradizer sua proposta inicial, e o labirinto ilustrado em sua capa, com seus becos sem saída, afinal transmuta-se em uma armadilha. Vale atentar, no entanto, para alguns de seus momentos iniciais, mais ingênuos e energéticos.
(Friends em uma música: Don’t Wan’t to Feel It All)
