Resenhas

Local Natives – Sunlit Youth

O futuro é otimista no terceiro disco do grupo californiano

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Ano: 2016
Selo: Loma Vista Recordings
# Faixas: 12
Estilos: Indie Rock, Eletro-Pop
Duração: 45:00
Nota: 4.0
Produção: Local Natives
SoundCloud: /tracks/272593482

Uma certa lógica patriarcal define o envelhecimento como transição de ações e gostos tolos para uma seriedade imposta, trazendo no pacote o terno e o abandono de traços da até então identidade. Há quem lute contra uma forma cômoda (desconfie de tudo o que é nostálgico e de elementos que “definiram uma geração”) e há também quem consiga preservar tais características ao mesmo tempo que o amadurecimento acontece de forma confortável. Saber o que levar e o que deixar para trás nesta mala metafórica, parece ser o grande truque.

Local Natives coloca seu terceiro álbum, Sunlit Youth, nesta segunda categoria. A tal da juventude iluminada não é (spoiler) tão jovem, mas uma liberdade poética para um sentimento juvenil, ciente de sua nova fase, prolongado sem nenhuma negação à tiracolo.

O reflexo dos novos tempos chegou à banda em forma de sintetizador, que tomou bastante do espaço que era ocupado pelas guitarras. A banda californiana agora se aproxima de sons que ouvimos em Kid Wise, por exemplo, ou até mesmo Tame Impala (escute a faixa que abre o disco, Villainy, para encontrar toques de Let It Happen).

A inclusão do instrumento em bandas Indie não é novidade, mas talvez o maior feito do grupo seja utilizá-lo para servir à suas músicas, ao invés de fazê-las caber dentro deste novo mundo. Esta confiança de encarar o novo pela perspectiva de suas próprias experiências e não pela necessidade, talvez seja a declaração mais clara que o grupo dá sobre o otimismo que usa como condutor para não se perder em modismo.

Tendo este filtro estabelecido, tudo o que você pode já gostar em Local Natives está ali, em harmonias vocais, melodias Dream Pop e até mesmo guitarras. A complexidade de emoções ouvidas em letras do disco Hummingbird (2013), continua presente e até mesmo consegue ir além: a mesma banda que se pergunta “o tempo está parado e um dia vai embora – pra onde ele foi?” (na faixa Fountain of Youth), conclui que “nós podemos fazer o que quisermos” (Coins). Se a juventude que antes vê um universo de possibilidades um dia se pergunta para onde foi o infinito, aqui a maturidade responde a pergunta de forma iluminada, onde ainda há espaço para qualquer coisa. O passo foi dado, além e corajoso.

(Sunlit Youth em uma música: Coins)

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BOM PARA QUEM OUVE: Kid Wise, The Killers
ARTISTA: Local Natives
MARCADORES: Resenha

Autor:

Videomaker, ator e Jedi