Resenhas

O Terno – Melhor do que Parece

Trio segue sua curva ascendente em disco maduro, divertido e de grande simpatia

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Ano: 2016
Selo: Natura Musical
# Faixas: 12
Estilos: Rock Psicodélico, Pós-MPB
Duração: 42'
Nota: 5.0
Produção: Gui Jesus Toledo e O Terno

A história de Melhor do que Parece começa mesmo em 2012, quando O Terno lançou seu 66 sob status de grande promessa do Rock brasileiro contemporâneo, o que parece ter se cumprido com louvores dois anos depois no álbum também chamado O Terno, um disco menos moleque e consideravelmente mais expansivo em sua Psicodelia. Com mais um par de anos de estrada nas costas, o trio paulistano segue em sua curva ascendente e apresenta uma obra enraizada em sua identidade e divertida por excelência.

Ela promove um caminho dinâmico, honesto, carismático e sempre surpreendente entre Culpa e a faixa-título, respectivamente a primeira e a última música – não por acaso, as duas divulgadas previamente. Nessa narrativa, há espaço para uma grande exploração do estilo construído ao longo de sua carreira, das referências explicitamente nostálgicas à métrica desafiadora de versos bem humorados.

Há muita personalidade ao longo de todo o disco, e esse acaba sendo um dos principais pilares de seu sucesso. Ainda que tracemos diversos paralelos entre sua música e aquelas feitas nos últimos 50 anos, ainda existe um quê de frescor em cada uma das faixas aqui apresentadas, mesmo nas que parecem frutos diretos de canções anteriores – Lua Cheia, por exemplo, traz ambientação, em som e temática, semelhante à do álbum anterior, e faz isso sem parecer uma mera repetição.

Foi preciso um grau de experimentação maior em O Terno (vide músicas como Vanguarda? e Brazil) para que essas novas tentativas tivessem maior êxito agora em um vocabulário positivamente Pop, e as músicas candidatas a hit vieram ainda melhores do que a banda já tinha feito em Tic Tac, Ai, Ai, Como Eu Me Iludo e a própria 66 (para citar alguns exemplos): Deixa Fugir tem cara de nova favorita nos shows, Depois que a Dor Passa tem seu carisma em palavras simples de conselho de amigo e Não Espero Mais pode entrar para a galeria das canções mais simpáticas lançadas nesta década no Brasil, um novo hino apaixonado para jovens casais por todo o país.

A cada faixa, um novo frio na barriga, sendo que, após O Orgulho e o Perdão (que parece ter herdado o que o trio aprendeu com Papa Francisco, Perdoa Tom Zé), o ouvinte já entendeu que ser surpreendido é o estado natural de ouvir o álbum. Nesse espírito, Minas Gerais consegue despertar uma nostalgia imagética até de quem nunca pisou no estado, Vamos Assumir vem como um último grande momento antes do fim do disco e , como a balada torta que não poderia deixar de faltar no repertório.

A ironia marota no título Melhor do que Parece coroa a identidade juvenil e esperta que O Terno demonstra em gravações e ao vivo dentro de seu processo de amadurecimento, uma carreira que segue demonstrando seu valor não do alto de um pedestal vanguardista, mas esbanjando simpatia em músicas que você não quer parar de ouvir. Parece que melhor não fica.

(Melhor do que Parece em uma música: Lua Cheia)

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BOM PARA QUEM OUVE: Mauricio Pereira, Boogarins, Os Mutantes
ARTISTA: O Terno

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.