Sater não é um sobrenome simples de carregar no meio musical e, a julgar pelo que foi publicado sobre o lançamento de Japão, primeiro trabalho solo de Ale Sater (que conhecemos da banda Terno Rei), o parentesco com o grande Almir ofuscou sim algumas das melhores qualidades da obra – um trabalho belíssimo por si só, independente do contexto familiar do músico.
Filha do Dino é a que mais mostra que Ale não se esconde da herança que recebeu, porém, ao invés de viver em sua sombra, transporta o timbre da viola para a ambientação urbana e contemporânea que o restante do disco recebe. Há também uma inegável aparência autobiográfica por letras que passeiam por temas da infância (Pipa) e família (a própria Filha do Dino) – o que aproxima o ouvinte ainda mais das canções -, todas entoadas pelo que poderia ser tido como um emblemático trovador brasileiro em 2016.
Japão parece também estar dividido entre dois lados, A e B, com a guitarra presente no primeiro (promovido pela maravilhosa A Seca) e um clima um pouco mais acústico no outro (com a instrumental Saída Bangu fechando bem a obra). São duas faces da mesma moeda, uma que sabe construir emoção nas melodias e arranjos cativantes, tudo dentro de um clima bastante atual.
Os 17 minutos de extensão do EP passam rápido até demais, e a beleza dos timbres conflitantes de Volte Para Casa merece ser experimentada repetidas vezes, assim como todo Japão. Relevante para a produção brasileira como um todo, de suma importância para o nome Ale Sater e um verdadeiro deleite para o ouvinte.
(Japão em uma música: A Seca)