Resenhas

Feist – Metals

Soando um pouco menos pop que seus trabalhos anteriores, o disco (um dos melhores do ano) deve agradar fãs e novos admiradores com canções que sabem dosar emoção e orquestração como poucos lançamentos hoje em dia

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Ano: 2011
Selo: Arts & Crafts, Cherrytree, Polydor
# Faixas: 12
Estilos: Pop Folk, Indie Folk
Duração: 50'
Nota: 4.5
Produção: Feist, Chilly Gonzalez, Mocky e Valgeir Sigurðsson
Livraria Cultura: 22947758

A canadense Feist orquestrou doze lindas faixas para seu quarto álbum, Metals. O trabalho em cada canção consegue parecer ao mesmo tempo refinado e artesanal, como se cada nota tivesse sido delicadamente moldada por suas mãos e até a audição mais desatenta consegue perceber o alto nível de qualidade na obra.

Se há outra coisa que logo fica clara ao ouvirmos o disco é que ela não o fez sozinha. Sua voz doce e sensível ainda é a protagonista, mas um grande time de músicos a acompanha com os mais diversos timbres, que floreiam e enriquecem a base sonora para o vocal se destacar, tudo muito bem trabalhado pelos produtores Chilly Gonzalez, Mocky (ambos antigos colaboradores de Feist) e Valgeir Sigurðsson (que já trabalhou com Björk, Múm e Kate Nash).

Todo esse trabalho ampara muito bem os versos sinceros, poéticos e emocionados – como na faixa de abertura, The Bad in Each Other (“A good man and a good woman will bring out the worst in each other” – “Um homem bom e uma mulher boa vão trazer o pior um no outro”). A impressão que fica nessa e na seguinte, Graveyard (favorita instantânea dos fãs), é que cada instrumento está se esforçando para acompanhar a dimensão de sua lírica e interpretação.

Enquanto em Caught a Long Wind o instrumental é quase minimalista em boa parte da canção, no single How Come You Never Go There ele alcança o passo da cantora e os dois caminham juntos no clima de jam orquestrada presente em todo o disco a partir daí. A Commotion soa forte e quase agressiva, mas esse clima logo é interrompido pela sequência The Circle Married the Line e Bittersweet Melodies, o ponto alto do disco. Como se fossem parte 1 e 2 de uma mesma composição, ambas trabalham a tensão entre preenchimento e silêncio, criando sete breves minutos alongados por pausas que sussurram gritos de quem sabe cantar com o coração.

Depois desse clímax, o álbum recupera seu fôlego em Anti-Pioneer, que soa um tanto arrastada, mas cumpre sua função no todo. Undiscovered First parece seguir a mesma linha, mas se enche de energia perto do final. Depois dela, Cicadas and Gulls começa a dar indícios de “fim-de-disco”. A mais folk e contemplativa das doze composições, ela parece refletir o ambiente em que o estúdio para gravar Metals foi construído, à beira de um penhasco ao lado do mar na Califórnia.

O álbum se encerra com Comfort Me e Get It Wrong, Get It Right, duas músicas bem diferentes (a primeira traz um som alto com muito acompanhamento, e a segunda é melancólica e intimista), mas que tem em comum a beleza evidente do trabalho de Feist. E “belo” é eufemismo para descrever o que quer que seja em Metals. Mesmo soando menos pop que seus anteriores, o disco deve matar as saudades que os fãs estavam da cantora, além de firmá-la de uma vez por todas no Olimpo não apenas da música canadense, mas de todo o cenário internacional.

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ARTISTA: Feist
MARCADORES: Indie Folk, Ouça, Pop Folk

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.