Mumford & Sons viaja a outro continente e explora os sons tradicionais daquela terra com músicos locais como uma forma de colocar o “Folk” em “folclórico” e mostrar a inspiração “étnica” tem a ver com o som que a banda faz. Foi assim em 2010 ao lado de Laura Marling e Dharohar Project na Índia e novamente em 2016 no continente africano para o EP Johannesburg.
Os artistas agregados da empreitada vieram de três países: África do Sul (Beatenberg), The Very Best (Malawi) e Baaba Maal (Senegal). Juntos, os sons feitos habitam um meio termo entre o que esperamos do quarteto londrino e o que significaria uma injeção de elementos tipicamente africanos – como a percussão ou grandes coros vocais.
Ngamila é talvez a que melhor representa esse casamento sonoro, já que ela parece algo saído de Wilder Mind após o botão “africanizar”, assim como There Will Be Time faz seu melhor para equilibrar aquilo que é esperado da banda com o clichê do referencial trabalhado. E esse clima impera por todo o lançamento, essa falta de surpresa após termos conhecimento da existência do EP.
São músicas bonitas, algumas até mais do que isso, mas é provável que o disco esteja fadado a matar alguma curiosidade dos fãs e cair em certo esquecimento, assim como aconteceu com o disco indiano há seis anos. Se Johannesburg ao menos parece conseguir incorporar melhor os elementos que temos no imaginário como africanos em comparação ao EP da Índia, o amálgama ainda possui certa artificialidade e, mesmo com o aval de uma tentativa válida concedido pelos fãs, dificilmente quebrará fronteiras para outros públicos.
(Johannesburg em uma faixa: Ngamila)