Resenhas

Ariel Pink’s Haunted Graffiti – Mature Themes

A maturidade chegou ao Ariel Pink com seu lado mais Pop e menos aventureiro em bom disco que fica à sombra de “Before Today”

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Ano: 2012
Selo: 4AD
# Faixas: 13
Estilos: Experimental, Synthpop, New Wave, Pop Psicodélico, Disco
Duração: 50:40
Nota: 3.5

Este certamente não é o segundo álbum de Ariel Pink’s Haunted Graffiti, mas creio que pra muita gente possa parecer. A explosão do cara e de sua banda veio quase dez anos após o início de sua carreira, com Before Today. Esse lançamento de 2010 deu muito o que falar na época e fez Ariel Pink finalmente emergir do underground e ser conhecido pelo grande público. Sem dúvidas, esse foi um ótimo disco, mas pra quem esperava um repeteco dele em Mature Themes pode ficar meio desapontado. Este é mais Pop (veja que esse não é um adjetivo muito comum para descrever a música de Ariel) e acessível que seus antecessores.

Algo que sempre esteve presente em seu trabalho é a aura vintage. O resgate que o músico faz a diversos gêneros foi um dos principais motivos de sua ascensão e o novo disco não é diferente nesse aspecto. Ele consegue ter a cara retrô de seus trabalhos anteriores e, seguindo o que fez em Before Today, deixa a produção Lo-Fi de lado para investir em uma sonoridade mais limpa e mais bem produzida.

Ao dar o play, você logo percebe que o disco está realmente mais polido, com músicas redondinhas e sem arestas sobrando. Kinski Assassin, Mature Themes e Only In My Dreams logo de cara mostram muito bem isso. O cuidado na produção não só justifica esse aspecto mais Pop, como também a demora no lançamento do álbum.

Synthpop, New Wave, Pop Psicodélico, Disco ou qualquer outro gênero que Ariel possa achar interessante sempre esteve em sua música, isso desde o começo de sua carreira. Outra coisa que nunca fez foi se limitar a explorar somente isso ou aquilo, mesmo que o resultado final soasse absurdo tanto em letras quanto sonoramente, mas em Mature Themes ele parece fazer isso. Em uma tentativa da obra soar mais coesa, a banda explora menos e mantém seu foco em ser mais acessível e alcançar um público maior. Não que isso seja algo ruim, mas a grande mística do trabalho de Ariel era exatamente essa falta de limites em brincar e explorar o que quisesse.

Mas Ariel Pink continua sendo Ariel Pink. As esquisitices que são, também, marcas registradas de seu trabalho não faltam por aqui. Schnitzel Boogie, por exemplo, é uma das músicas mais peculiares e divertidas do álbum, descrevendo detalhes de se comer o tal prato do título da canção. Fora isso, ela volta às raízes de seu trabalho com uma produção confusa e cheia de ruídos. Na sequência, Symphony of the Nymph mostra esse lado excêntrico de outra forma: em uma letra hilária e a tentativa de soar sexy, Ariel parece contar a um terapeuta suas fantasias sexuais. Nostradamus & Me pode entrar nessa pequena seleção de maluquices do músico. Com mais de sete minutos, a faixa segue alterando texturas e uma voz processada e hipnótica, quase um mantra.

Se houvesse um ponto ótimo entre o Pop e o estranho, poderia dizer que Ariel Pink o havia achado em seu trabalho anterior, enquanto neste ele cruza a linha e fica do lado Pop. Isso pode provar também que o músico está mais maduro e consciente do que é preciso para se vender discos. Certamente, Mature Themes vai fazer muita gente conhecer o seu trabalho e experimentar sua música peculiar de uma maneira mais branda, mas esse trabalho não me convenceu tanto quanto Before Today, ou até mesmo seus discos Lo-Fi do começo de carreira, exatamente por viajar menos, experimentar menos e, com certeza, arriscar menos.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts