Resenhas

Die Antwoord – Suck On This

Mixtape antecipa novo disco abrindo um caminho promissor e impactante

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Ano: 2016
Selo: Zef Records/LLC
# Faixas: 13
Estilos: Experimental, Hip Hop, Trap
Duração: 31:40
Nota: 3.5

“Nossa banda se chama Die Antwoord e isto significa ‘a resposta’”. É assim que somos introduzidos a mais um capítulo de loucuras, bizarrices e coisas inesperadas do duo sul-africano. Deixando saudades de uma apresentação bombástica e explosiva na última edição do festival Lollapalooza Brasil, o projeto parece buscar esta resposta por meio de experimentações que flertam com o Hip-Hop, ao mesmo tempo que se apoia em grafismos audiovisuais surpreendentes, que superam qualquer expectativa que se ouse criar. Prestes a lançar um novo álbum, a dupla começa a dar indícios das direções sonoras que seguirá, mas o que era para ser apenas um aperitivo se revelou como um prato principal. Nas palavras da vocalista Yolandi Visser, na primeira faixa desta mixtape, “sei que vocês estão esperando o novo disco, mas, no meio tempo, chupem essa!”,

Os primeiros segundos que sucedem essa introdução são arrebatadores. Com influências Trap pesadíssimas e temáticas sexualmente explícitas, Suck On This começa para nos relembrar que nada é seguro dentro de uma obra de Die Antwoord. Ela é envolta em batidas upbeat bem reconhecíveis e características da discografia da banda, mas é interessante como, dentro de um contexto casual e descompromissado, há a criação de uma ambientação hostil e familiar ao mesmo tempo. Por mais que possamos prever certos direcionamentos estéticos e sonoros, o duo sempre consegue nos surpreender, por exemplo, encontrando um tema mais chocante do que referências passadas, como em Bum Bum e Jair Pirewiet.

Mas o curioso desta mixtape, e o porquê de não se tratar de um mero aperitivo no meio do banquete mirabolante de Die Antwoord, é como eles revisitam seu sucessos do passado, recriando a forma, mas mantendo a tensão e a excentricidade. Pitbull Terrier e I Fink You Freeky, ambas recebem toques mais Pop e dançantes, se assemelhando com suas versões ao vivo, quase como se estivessem atualizando sua discografia. Um fato interessante, considerando que estamos diante de um ícone da música experimental e as formas como o duo procura sair cada vez mais de um quadrado de clichês, delimitando poucas formas e ousando mais em cada disco, é o que torna esta mixtape um passo natural para um futuro disco promissor. Camaleônico, autorreferente e imprevisível.

(Suck On This em uma faixa: Bum Bum)

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique