Se o Punk e Post-Punk tinham em suas respectivas épocas um papel de contracultura e em certa medida de denúncia à opressão do dinheiro em nossas vidas, o trio carioca Crusader de Deus rema na contramão disso e discute os mecanismos do capital e da economia em suas músicas.
Pode parecer estranho a uma primeira vista um grupo de Post-Punk falando de economia, mas o som ruidoso, desconexo e por vezes difícil de decifrar pode servir como uma metáfora de como os leigos no assunto enxergam esse mundo de siglas, operações e cifrões: frenético e de difícil acesso, mas, ao mesmo tempo, profundamente interessante.
Aumento de tarifa, a reação emocional das pessoas acerca da flutuação dos preços e a ideia útópica dos juros perfeitos são tidos como temas desta curta coleção de músicas, que, assim como Relações Públicas (2015), “se você piscar um segundo, perde muito do sentido da obra”. Os quase seis minutos do compacto são recheados da urgência do Punk e da estética de um Post-Punk sujo.
O curto EP Juros Perfeitos se mostra tão interessante e intrigante quanto seu antecessor, seja pela proposição de se enveredar por temas nada comuns aos estilos que se utiliza, seja pelo fato de discutir economia através da música.
(Juros Perfeitos em uma música: O Dicionário Começa com D de Direito)
