Resenhas

Mahmundi – Mahmundi

Primeiro álbum coleciona inéditas e velhas conhecidas para mostrar o trabalho de Marcela Vale

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Ano: 2016
Selo: StereoMono/Skol Music
# Faixas: 10
Estilos: Indie Pop, Indie, Eletrônica
Duração: 42'
Nota: 4.0
Produção: Mahmundi

Mahmundi é uma coleção de faixas, entre inéditas e velhas conhecidas, que apresentam ao público a proposta artística de Marcela Vale, o nome por trás do projeto. Todo produzido por ela – que, além de cantar, toca vários dos instrumentos nas músicas -, o disco preenche a lacuna de “primeiro álbum” com louvores, ainda que carregue em si uma identidade transitória entre duas fases – uma sendo a de artista iniciante do cenário independente e a outra como alguém que já deu o grande passo de suprir a expectativa de lançar um LP.

É uma obra que se propõe a mostrar de uma maneira ampla a estética com que Mahmundi pretende trabalhar suas composições. Há uma forte influência Pop radiofônica de décadas atrás (uma coisa meio Marina Lima, meio Lulu Santos) acompanhada de alguma ironia malandra sobre o estilo, como a ausência de refrão em Eterno Verão e Hit, que faz as vezes de abertura do disco com uma pitada de metalinguagem para a percepção dessas características ser mais eficaz.

O teor romântico acompanha todas as canções, como Meu Amor e Azul, o que é também uma escolha estética de habitar no universo dessas suas referências nostálgicas de trilhas de novelas e FMs de madrugada. Com um “lado-A” mais festeiro e uma segunda metade um tanto mais introspectiva, o álbum brilha em suas opções de timbres e no volume que ocupa todos os cantos dos ouvidos em uma ambientação sempre envolvente, sendo a dobradinha Quase Sempre e Wild seu provável melhor momento.

Sua pluralidade de pequenas influências (do Reggae ao R&B, passando pela chamada MPB) reforça a cara que Mahmundi tem de um “álbum de produtora”. Com cinco de suas músicas já bastante conhecidas quando o disco chegou (quatro antigas e o single Eterno Verão, lançado cinco meses antes), o fator “novidade” ficou restrito a apenas metade da obra, que, por mais coesa que seja, parece ter fôlego para ser mais longa (o que é raro nos dias de hoje, quando o oposto é o que mais acontece). Fica a sensação de que Mahmundi agora solta a respiração e diz: “Pronto, está aí um LP. Agora, se preparem para o que vem depois”. Seguimos atentos.

(Mahmundi em uma faixa: Azul)

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BOM PARA QUEM OUVE: Céu, SILVA, Toro y Moi
ARTISTA: Mahmundi

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.