Resenhas

Bilhão – Bilhão

Disco de estreia de banda carioca revela sua identidade entre metáforas e lisergia

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Ano: 2016
Selo: Balaclava Records
# Faixas: 7
Estilos: Pós-MPB, Shoegaze
Duração: 25'
Nota: 4.0

Há algo de particular no som que Bilhão faz, mesmo quando toda audição de seu disco de estreia faz vir à mente um punhado de nomes parecidos nisso ou naquilo. Talvez seja uma questão de uma banda que optou não por originalidade, mas por identidade própria – e o processo deu certo.

Bilhão traz um som particularmente carioca no imaginário de quem visualiza a vida no Rio de Janeiro natal do grupo. São sons de fim de tarde na praia, de quem absorveu a vontade de viver bem entre os morros e o mar, com uma lisergia próproa da baixa pressão pela alta temperatura.

No geral, as referências são bastante estrangeiras, embora exista algo de brasileiro, não apenas carioca, em seu som quase todo em português (a derradeira The Effect vem com cara de faixa-bônus – ou melhor, bonus track – no disco). Digo isso porque as letras são parte integral da absorção do clima da obra, com metáforas de fácil visualização e uma sinestesia interessante no som, do tipo de ver cores ao fechar os olhos enquanto o disco toca.

Tô pra Ver o Tempo adiciona um momento acústico e sensível no meio das guitarras tão presentes em faixas como os singles Atlântico Lunar e Horizontalidade, um clima que volta a se repetir em partes de Mar de Vapor. Três da Tarde, por sua vez, traz um momento animadinho e até dançante ao disco, clima repetido por Segundo Plano, o que faz com que as sete faixas sejam variadas o suficiente para a audição ser sempre dinâmica.

E é assim, cantando na língua-mãe sem medo de admitir as guitarras importadas, que Bilhão constrói sua personalidade lisérgica, nostálgica e de alta qualidade, mesmo quando há a impressão de que você já ouviu isso ou aquilo antes em algum outro lugar. Desse jeitinho, porém, é só aqui mesmo.

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BOM PARA QUEM OUVE: Terno Rei, Real Estate, The War On Drugs
ARTISTA: Bilhão

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.