A Book of Flying é um (belo) título que dá algumas pistas do que Kyson preparou para esse seu novo trabalho. Com onze faixas que raramente passam dos quatro minutos, ele propõe um convite ao ouvinte para alçar grandes voos, ainda que dentro de sua introspecção.
Trata-se de um disco um tanto silencioso – ou melhor, uma obra que sabe utilizar o silêncio a seu favor, como se ele fosse mais um timbre dentro dos arranjos. O produtor australiano residente em Berlim oferece, talvez acidentalmente, um refúgio ao caos em um disco sobretudo calmo, deveras contemplativo.
You e Pictures, não por acaso reveladas anteriormente ao lançamento de A Book of Flying, trazem melodias mais do que agradáveis em uma estrutura convidativa à audição repetida. Acredite, você não vai querer sair do álbum tão cedo. As demais faixas, mesmo quando menos “fáceis”, dão forma a uma obra de tons pasteis que pintam o vocal tranquilo do músico.
De uma beleza evidente logo na primeira vez, os detalhes do disco fazem toda a diferença para a sua apreciação. São os pequenos efeitos eletrônicos ou de edição, um elemento aqui e ali que entra na hora certa, que pontuam a audição de uma obra cuja amplitude ecoa largamente dentro do ouvinte. Como o autor de um lúdico manual de instruções para o sonho, Kyson reafirma o respeito que merece sem precisar se impôr para isso – muito pelo contrário.
