O Purity Ring tem sido considerado a nova sensação do Dream Pop, ganhado sua devida atenção perante críticos musicais e formado aos poucos seu público. O jovem duo de Montreal iniciou seu projeto em 2010 e, dois anos depois, lança seu primeiro disco um tanto consistente para uma banda de existência tão curta e com integrantes jovens que não passam dos 24 anos.
Shrines tem como base de sua sonoridade um Pop lúdico de qualidade e, quando algo parece impreciso, acredite: Tudo foi devidamente calculado para soar dessa maneira. Além disso, a banda traz influências do Synth Pop e de um novo estilo denominado como Witch House, que usa samplers vocais propositalmente desacelerados e batidas retalhadas, que se adaptam a canção de uma forma rítmica muito coesa.
Ainda tratando-se de facetas musicais, faixas como Belispeak e Obedear deixam expressa a referência eletrônica patriarcal do Kraftwerk em momentos nos quais os arranjos se destacam além da voz.
A dupla, que já participou e não decepcionou em festivais como Sasquatch! e Pitchfork Music Festival, tem como ponto auge em seu disco a faixa Fineshrine. O refrão “cut open my sternum and pull my little ribs around you” pode tratar-se de um romance um pouco bizarro, mas a música tem apelo melódico que encanta e vocais mais autotunados e doces do que o de costume. A canção muito se assemelha à sonoridade de Grimes, mas que não fica devendo nada para a cantora canadense, que é um tanto despretensiosa e, no fundo, aparenta buscar a solidez de Corin Roddick e Megan James.
Volta e meia, o Purity Ring trata em suas letras de relações espirituais e lúdicas, ao mesmo tempo gosta de citar detalhes sobre partes do corpo humano e suas particularidades, unindo tudo isso a um som eletrônico amigável. O resultado pode ser comparado a sua relação com aquele seu amigo que todo mundo acha esquisitão, mas que você não se desapega, porque ele vai muito além dos seus vícios e particularidades.