O retorno – já consagrado – da Música Psicodélica trouxe consigo um número vasto de bandas que, além de ajudar a formar uma cenário pungente para o estilo, conseguem transformar esse movimento em algo mais heterogêneo, diversificado e, portanto, interessante.
Enquanto nomes como Tame Impala apostam em um som mais espacial e recheado de elementos eletrônicos, e outros como Fuzz reapropriam a vibe psicodélica dentro de um espírito Proto-Metal, King Gizzard & The Lizard Wizard parece ter sido transportada diretamente dos anos 60 para os nossos dias, passando imune às interferências possíveis da contemporaneidade sobre a sua música.
Por isso, quando ouvimos Paper Mâché Dream Balloon, o charmoso espírito bucólico que emana daí não parece necessariamente uma novidade, senão a essência do próprio grupo elevado a um grau altíssimo. Ou seja, embora o grupo tenha apostado em grande medida até agora no uso de guitarras e na fabricação de álbuns conceituais à la Rock Progressivo, a vibe tranquila flower power de uma tarde campestre sempre esteve presente em seu trabalho (ouça Stressin’ vinda de Oddments). Mas quando Stu Mackenzie e sua trupe se reúnem em um sítio, fazendo uso apenas de instrumentos acústicos para gravar seu lançamento da vez, é essa atmosfera em si que parece virar o tema e o conceito de seu pressuposto novo álbum “não-conceitual”.
Dada a similaridade anacrônica com bandas vindas dos anos 60, alguns arranjos podem parecer um pastiche ingênuo de um tempo que não volta mais (não é dificil reconhecer a influência de The Byrds e Donovan aqui, ou até mesmo a homenagem do título tão palavroso quanto The Beatles e seu Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band), mas reconhecendo o esforço necessário de se gravar um álbum analógico com uma aura campestre verdadeiramente apaixonada nos dias atuais, descobrimos em Paper Mâché Dream Balloon um dos grandes trabalhos do septeto australiano.