Resenhas

Alex G – Beach Music

Estreia do compositor no selo Domino resume impecável trabalho sob ótica psicodélica

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Ano: 2015
Selo: Domino Records
# Faixas: 13
Estilos: Experimental, Neo Psicodélico, Folk Alternativo
Duração: 37:00
Nota: 4.0
Produção: Alex Giannascoli

Alex G pode parecer um artista relativamente novo, mas isso é só a ponta do iceberg. Seu passado é povoado por uma vasta coleção de sete registros que pintam e moldam uma personalidade Lo-Fi sempre preocupada em trazer composições intrigantes e envolventes para seus ouvintes, incluindo os melhores lados da Psicodelia. Parte da relativa fama obtida por Alex também vem do apego pelo Lo-Fi, estética que serve de pano de fundo para flertes entre um Indie tristonho e até mesmo elementos Folk. Assim, chegamos em Beach Music, seu primeiro trabalho assinado ao selo Domino Records e o que possivelmente será o primeiro encontro com uma nova parcela de entusiastas de sua música.

A característica que mais salta aos ouvidos ao nos depararmos com a identidade sonora de Alex G é a sua capacidade de encontrar a Psicodelia nos eventos mais cotidianos possíveis. Beach Music traz o estilo para fora do eixo australiano e o desmistifica, de modo que clichês do gênero são evitados em prol de uma maior exploração de instrumentos. Timbres MIDI dos anos 90, acordes bastante depressivos e efeitos de guitarra mergulhados em Shoegaze são alguns dos ingredientes experimentados durante os delírios de Alex, e a tentativa que temos de identificar os diferentes sons que compõem esta paisagem fazem deste disco uma viagem em todos os sentidos.

Aliás, “sentido” é uma palavra forte e muito bem trabalhada durante os menos de quarenta minutos. Cada faixa traz uma psicodelia de naturezas diferentes e a interpretação que temos delas é algo que transcorre de maneira sinestesica. Salt, é uma espécie de Vaporwave em que a velocidade não está no nosso lado. Look Out cria texturas de sintetizadores bastante esparsas e caóticas (no melhor sentido possível do termo). Já Mud procura mostrar um pouco do vazio depressivo e nebuloso de acordes melancólicos. Por fim, Snot pode lembrar uma canção Pop do começo dos anos 2000 envolta de ares extramemente densos e depressivos. São elementos comuns a serem trabalhados, mas vistos sob uma ótica precisa e bastante colorida de Alex G.

A estreia do compositor neste selo certamente tem sua relevância comprovada. Alex G. mostra sinais de um músico bastante preocupado com sua obra de todos os ângulos possíveis. Vale a pena ficar de olho em futuros registros no qual poderemos experimentar novas possibilidades e novas formas de desenvolvimento da música psicodélica.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique