Resenhas

FIDLAR – Too

Segundo disco da banda traz questões pertinentes à efemeridade Punk

Loading

Ano: 2015
Selo: Mom + Pop Music
# Faixas: 12
Estilos: Indie Rock, Garage Rock, Noise Punk
Duração: 39:31
Nota: 3.0
Produção: Jay Joyce

O Punk é um dos paradoxos mais interessantes da música. Há muito tempo se debate sobre como um movimento inciado por desgostos tão políticos e contracorporativos tornou-se uma das formas de arte mais rentáveis dos últimos tempos. De disco imortais, passando por estéticas visuais bastante expressivas, o Punk é uma influência indiscutível na formação de grandes nomes da atualidade (seja do Rock ou mesmo da música Eletrônica) e o fato de ter sido construído sobre esse debate ético-musical infindável o torna atual até hoje. Na verdade, não só o gênero como um todo, mas seus representantes e suas respectivas obras ainda alimentam esta questão. É dentro deste grande mexidão de contradições Punk que FIDLARum representante contemporâneo do desenvolvimento do organismo vivo que é o Punk lança seu segundo trabalho de estúdio.

Too é tão diverso quanto é curioso. Vindo de uma tradição Lo-fi e bastante barulhenta, o conjunto se sente confortável em explorar mais uma vez melodias bastante simples e viciantes, vocais ríspidos e agressivos, baterias cruas e outros elementos que lhes renderam relativa fama, gerando assim seu primeiro trabalho, um registro que mostrava as representações mais modernas do Punk, às vezes se confundindo com o Indie Rock. Faixas como West Coast, 40oz. On Repeat e Punks são exemplos que convencem os ouvintes mais assíduos da banda. É um trabalho que reafirma a identidade primordial da banda, entretanto ele parece tentar buscar algo a mais – algo maior do que aquela semente essencial do Punk.

Durante quase todo o trabalho, encontramos indícios de experimentações que procuram dar novas perspectivas às composições, tirando ela da zona de conforto Punk. Técnicas de edição, timbres novos, mixagens mais preocupadas em valorizar todo o conjunto de instrumentos ou invés de representar em baixa fidelidade são alguns dos novos pontos abordados bem Too. Sober brinca com harmonias robóticas nas vozes; Overdose é mais branda e tensa, apelando até para soluções de composição mais Pop; Bad Habits e Why Generation é quase que uma faixa escondida Punk de discos da era “Iê-Iê-Iê” de The Beatles. Mas, como dito, não passam de indícios de novos caminhos, sendo que certas vezes somos nocauteados por músicas bastante previsíveis.

Assim, FIDLAR se revela uma metonímia do Punk, que ainda reverencia muito as bases sólidas que criou e arrisca menos do que deveria. Novos registros podem confirmar se isto é apenas um episódio passageiro, fruto de estudos para outros trabalhos, ou apenas uma estagnação que apenas engana um amadurecimento.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: NoFx, Weezer, Cachorro Grande
ARTISTA: FIDLAR

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique