Béatrice Martin é uma desbravadora. Mais conhecida pela alcunha de Coeur De Pirate, ela é uma artista que sabe muito bem o que busca. Tal como é sugerido no nome, ela age como uma pirata que desbrava por novos mares e registrando suas novas impressões em seus discos, sempre detentores de elogios por parte da crítica. Misturando um pouco de Folk com um doce e suave vocal a nuances mais populares, seja do Pop mainstream ou do cenário Francês, a sonoridade da compositora sempre chamou a atenção e se mostrou basante receptiva pelos mais diversos ouvintes.
Dessa forma, as expectativas por um novo disco sempre circundaram o campo da harmonia, no de diz respeito à fusão de gêneros distintos em prol de uma identidade bem marcante. Neste novo capítulo de sua discografia, as coisas parecem caminhar por este viés mais uma vez e o uso desse “mais uma vez” traz alguns empecílios consigo.
Roses não é diferente de outras obras da compositora e isso implica em duas coisas. A primeira diz respeito ao cuidado que Béatrice sempre teve com seus discos, algo quase maternal. Continuamos percebendo uma produção refinada, que privilegia a suavidade na hora de organizar todos os elementos trabalhados de uma forma bastante clara. A presença simultânea de vocais bastante adocicados, percussões dançantes, sintetizadores etéreos e até arranjos de cordas identificam de cara que estamos ouvindo o mundo de Couer De Pirate. Ou seja, o projeto já trabalha com uma identidade bem definida que nos é revelada nos primeiros segundos de reprodução do trabalho. Entretanto isso deve ser visto como algo totalmente positivo.
A segunda questão, que os costumeiros elementos de predileção do projeto trazem a Roses, é a preguiça inerente que parece estar se estabelecendo. As estruturas das músicas são parecidas em um nível bastante assombroso, nos deixando nada surpresos a cada uma delas, já que sabemos o que vai acontecer nos próximos compassos. Um início calminho com um refrão chiclete é a base para quase todas as doze músicas do registro, o que é um tanto quanto desapontador de ouvir de uma musicista que se considera digna de um “coração de pirata”. Já está claro que este “Folk French Pop” é algo bastante apreciado por seus fãs, mas a grande questão fica por conta de Béatrice ter se estabelecido em sua ilha favorita, trazendo pouca inventividade e novidades neste trabalho.
Ficamos um tanto quanto incertos sobre o futuro da moça. Teria ela caído em um labirinto criativo do qual não consegue escapar ou seria esse um obstáculo a ser superado em novos trabalhos? De qualquer forma, ainda temos um disco produzido com a identidade pura de Coeur De Pirate e isso ninguém pode negar.
