Resenhas

The Fratellis – Eyes Wide, Tongue Tied

Banda britânica produz álbum amigável que transita entre amadurecimento e cansaço

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Ano: 2015
Selo: Cooking Vinyl
# Faixas: 11
Estilos: Indie Rock, Blues Rock, Rock
Duração: 41:37
Nota: 3.5
Produção: Tony Hoffer

“Pro forma” é uma expressão que, entre outros significados correlatos, é utilizada para explicar algo feito por pura formalidade, sem sinceridade e apenas para manter as aparências. Após ouvirmos Eyes Wide, Tongue Tied, o quarto álbum da banda The Fratellis, tal locução parece a ideal para descrevê-lo com fidelidade.

Não me entenda mal. Eyes Wide, Tongue Tied é um álbum muito bem produzido, super encorpado e com canções de formato radiofônico que não poderiam ser mais amigáveis (temos até algumas faixas bônus de versões acústicas no pacote). Mas a leve mudança de rumo na sonoridade do grupo aponta para um certo cansaço, com faixas que perderam a energia, o risco e, consequentemente, a proposta original do grupo.

Por outro lado, é muito bom observar que The Fratellis não tenha ficado preso no estigma Indie dos anos 2000 e tenha conseguido, à sua maneira, evoluir seu gênero de um nicho específico para uma sonoridade Rock mais universal, embora, ironicamente, a própria “universalidade” traga um aspecto genérico para o novo trabalho. Por exemplo, além de melodias e nomes reciclados (Rosanna, por exemplo, vem de Mellotron Boogie nº 3, música do projeto paralelo de John Fratelli chamado Codeine Velvet Club), temos a todo momento a sensação de não estar ouvindo algo necessariamente novo (vejam os nomes escolhidos para as faixas Little by Little e Moonshine).

The Fratellis, ao longo de sua carreira, foi se afastando de sua faceta mais caricata de Rock juvenil e despretensioso, sintoma facilmente percebido nas capas de seus trabalhos. Mas, se antes havia o hype vintage das pin ups em Costello Music, seguido pela animação espetacular do circo em Here We Stand, e a despretensão cult do Pop em We Need Medicine, Eyes Wide, Tongue Tied, por sua vez, dificilmente compactua com os aspectos mais cabeçudos do sentimento de vazio da arte moderna. Pelo contrário, distante da ousadia que desafia o público, The Fratellis produziu seu trabalho de mais fácil acesso até agora. Neste caso, aplica-se a máxima vinda dos artistas plásticos: o maior risco da arte é não arriscar nada.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Strypes, Kaiser Chiefs, The Hives
ARTISTA: The Fratellis
MARCADORES: Blues Rock, Indie Rock, Rock

Autor:

é músico e escreve sobre arte