Resenhas

The Maccabees – Marks To Prove It

Quarto disco do grupo londrino é o mais humano de sua carreira

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Ano: 2015
Selo: Universal Music
# Faixas: 11
Estilos: Indie Rock, Rock Alternativo
Duração: 41"
Nota: 3.5

Se Colour It In (200) e Wall of Arms (2009) mostravam um The Maccabees ainda em formação, Given To Wild (2012) revelou um grupo maduro, mas ainda cheio daquela vitalidade que tem as bandas com integrantes na casa dos 20 e poucos. Se esses eram discos mais ébrios, no sentido de permitir experimentações mais “irracionais” e deixar-se levar por uma vontade mais juvenil, Marks To Prove It é a ressaca de tudo isso. Perto dos 30, os músicos partem para um caminho quase oposto do que foi trilhado até então, principalmente se comparado com seu antecessor, que expandia o som do grupo para novos terrenos e que mexia com as fundações sonoras do quinteto.

E um título como esse não poderia ser mais assertivo para o intuito do disco. O que sobrou de todas essas experiências são as marcas. Quase como cicatrizes, elas trouxeram também uma profunda introspecção na sonoridade do grupo, algo que pode às vezes ser confundido com certo cinismo. Se os neófitos do Rock inglês têm uma postura mais otimista quanto à vida, o quinteto londrino tem uma visão mais cética e sombria em alguns momentos. Isso fica claro em versos como “Break it up and make it better, make it better (…) Swings a bottle to send him on his way down” (Dawn Chorus), There’s one to wash it down/One to wash it out (Spit It Out) e “Drinking when you’re drunken/To chase down the evening (…) No-one says a word, because it breaks her heart” (Kamakura). Se a bebida era antes uma fonte de diversão, agora ela mais parece um “remédio” para esquecer dos problemas.

Assim como as letras de Orlando Weeks, os arranjos e melodias são mais pé no chão. Longe daqueles floreios de discos como Wall of Arms e Given to Wild, ou mesmo da euforia Indie de Colour It In, o grupo ambiciona um som mais cru e hermético em Marks To Prove It – e entenda com isso um som proveniente de cinco músicos tocando em estúdio sem um grande aparato por trás ou muitos truques de produção. Ser mais cru, porém, não significa ser xucro ou áspero. A sonoridade aqui é bem límpida e bem orquestrada, como faixas como River Song e Slow Sun podem mostrar – elas podem não ser as melhores do disco, mas mostram essa preocupação do grupo em orientar bem um conjunto de cordas e piano no set up baixo, bateria e guitarra que sempre teve. No geral são músicas muito bem construídas e que concatenam muito bem o teor lírico mais sombrio com a forma musical das canções.

“Over the summer, a lot changed/And they all changed to keep up with it/Too complicated, too complex to talk to anybody” – esse verso, tirado da faixa-título, parece ser o que melhor define o caminho do grupo nessa obra. Ele representa sim um crescimento em sua carreira – principalmente quando se vê que está muito mais maduro e consciente em suas experimentações do que em Given To The Wild -, mas também um afastamento de suas fases anteriores. Certamente, Marks To Prove It é um divisor de águas para uma banda que agora veleja em turvas correntes, que podem até parecer calmas na superfície, mas escondem uma intensa correnteza.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts