Resenhas

Ratatat – Magnifique

Após hiato de cinco anos, Ratatat repensa sua carreira em novo lançamento

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Ano: 2015
Selo: XL Recordings
# Faixas: 14
Estilos: Rock Eletrônico, Rock Experimental
Duração: 44:47
Nota: 4.0
Produção: Evan Mast, Mike Stroud

Ratatat parece estar enfrentando uma luta contra a maturidade com o lançamento de Magnifique, seu quinto álbum completo. A questão é que o duo norte-americano sempre teve a despretensão de suas composições como um fator irrefutável a seu favor. Tal característica sempre manteve pairando no ar um aspecto hype dos desconhecidos descabelados, dada a fórmula sempre meio cool, cheia de energia e frescor da banda.

Porém, catorze anos de carreira depois (onze, se contarmos o lançamento de seu debute homônimo), e apostando na música instrumental como seu carro chefe, Mike Stroud e Evan Mast precisaram enfrentar um período de auto-crítica (ou seja, os cinco anos de hiato desde LP4 e mais de cinquenta composições descartadas nesse ínterim) para não patinar na mesmice ou na auto-paródia.

A batalha em Magnifique parece ser entre a reivenção e a aceitação da experiência adquirida até aqui. Por isso, observando com distância toda sua carreira, podemos notar no mais recente lançamento uma sofisticação muito maior do que em Ratatat, de 2004, mas a mesma energia hiperativa de Classics (2006), o mesmo groove de LP3 (2008) e as mesmas malhas intrincadas de texturas sobrepostas de LP4 (2010).

Ou seja, se, por um lado, Ratatat resolve retroceder em tanta explosividade pegajosa, por outro, um ritmo mais equilibrado no decorrer das faixas torna Magnifique muito mais dinâmico e prazeroso de ouvir. Prova disso são as faixas Drift e Supreme, pérolas do novo trabalho, que trazem no deslize do slide uma faceta cheia de tranquilidade e doçura do grupo, praticamente inédita até então.

Uma coisa que continua presente, no entanto, é a vontade de manter suas apresentações ao vivo como performances audiovisuais bastante enérgicas, como se pode notar nas batidas de ácidas de Cream on Chrome, na guitarra exageradamente oitavada (e assumidamente cafona) de Abrasive e no clichê cyber punk “balada underground” de Nightclub Amnesia.

É difícil evitar a verborragia na hora de descrever a música instrumental como um todo, ainda mais em se tratando de algo tão heterogêneo, “jovem” e espontâneo quanto Ratatat. Mas, se por um lado, aqui se mantém facilmente identificados os timbres pegajosos, as batidas festivas, as guitarras distorcidas e o espírito “trilha sonora de videogame”, de outro temos mais parcimônia, mais texturas complexas, maiores dinâmicas entre ritmos e ambientes (e até um cover!) e, consequentemente, mais maturidade.

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BOM PARA QUEM OUVE: Tycho, Dan Deacon, Justice
ARTISTA: Ratatat

Autor:

é músico e escreve sobre arte