Não posso dizer que Letur-Lefr me foi uma surpresa completa, já que John Frusciante já experimentou com muitos estilos, técnicas de gravação e maluquices de sua cabeça em sua carreira solo. Mas, realmente, não esperava algo como este EP, que tem bem pouco das suas famosas guitarras viajantes e parte para uma experimentação usando sintetizadores e trazendo muitas referências do Rap e do R&B.
Este é o primeiro trabalho de Frusciante com elementos eletrônicos, um misto de vocais trazidos do hip-hop, batidas sampleadas e sintetizadores que ele denominou “Progressive Synthpop”. Para um primeiro trabalho no gênero, ainda mais vindo do experimentalismo do músico, o EP não vai mal, porém se perde em algumas referências e pode causar certo desconforto em quem conhece somente o lado roqueiro do ex-Chili Peppers.
A obra veio para preparar o terreno para seu próximo álbum, PBX Funicular Intaglio Zone, que sai ainda este ano. Como grande parte de seus trabalhos solo, o músico, além de assumir os instrumentos, também solta a voz, que por vezes se mistura com os rappers que participam do disco.
As cinco músicas do EP seguem quase o mesmo clima. As já conhecidas pirações de John, desta vez, vem recheadas de batidas eletrônicas, sintetizadores explorados de maneira inteligente, vocais rimados (que, em algumas horas, lembram os primórdios de Gorillaz) e a guitarra que, quando aparece, devolve a sensação de se estar ouvindo um disco de Frusciante. Letur-Lefr veio como um aperitivo de uma obra da qual não se sabe ainda muito o que esperar, mas que pode ser bem interessante, assim como os trabalhos anteriores do músico.
