Grande parte do mundo ocidental contemporâneo compartilha saudades de um mesmo local imaginário: Uma Califórnia ensolarada de pessoas bronzeadas que vivem suas vidas sobre as ondas, um local cheio de oportunidades de carreira e todo o conforto que o capitalismo poderia comprar. Se você cresceu cercado de filmes e programas de TV importados de Hollywood (de animações a seriados), há muitas chances de ter essas saudades enraizadas em algum lugar da mente.
Foi assim também com os gêmeos Zach e Ben Yudin, que lideram a banda Cayucas, e eles constroem em Dancing with the Blue Lagoon uma narrativa que confronta sua infância no estado, na cidade de Davis, com a visão adquirida artificialmente sobre sua terra. Nesse aspecto, trata-se de um disco quase conceitual.
Os dois utilizam referências sonoras explicitamente californianas, como as guitarras da Surf Music, e outras menos diretas, como o aspecto cinematográfico da faixa de abertura. As músicas, apesar da mesma temática, parecem batante individuais, no sentido que elas não parecem muito conectadas na transição de uma pra outra e oferecem experiências completas dentro de si mesmas, algo que faz com o que o álbum pareça mais longo do que de fato é.
O cuidado com cada faixa, mesmo assim, acaba sendo uma das maiores qualidades que Cayucas revela, até porque a banda parece entender que nem todo mundo ouvirá um álbum inteiro na sequência hoje em dia, então suas músicas precisam dar conta do recado sozinhas. Vale a pena, entretanto, prestar atenção em Dancing with the Blue Lagoon inteiro, reparando nas historinhas das letras e na ambientação proposta, como as ondas em Hella.
Da fotografia na capa a todo o clima da faixa-título, o disco é uma experiência divertida e nostálgica de um local que você nem reparava carregar consigo. Vale a pena ouvir.
