A ambivalência entre o teor sinistro e a piadinha sacana contidas no nome de Joanna Gruesome dá já em seu título o perfeito tom da sonoridade do grupo. A princípio, poderíamos pensar que a música feita por Alanna McArdle e cia. encontra-se no equilíbrio entre o trocadilho com a cantora Folk Joanna Newsom e o uso da palavra gruesome (“macabro” em português), mas “equilíbrio” não é exatamente o que temos aqui. É justo dizer que o grupo faz uso, em mesma medida, do Punk e do Twee Pop, mas, longe de uma fórmula que misture os dois estilos de modo coeso, Joanna Gruesome aproveita-se da bipolaridade entre a distorção raivosa e as melodias bitersweet para provocar o efeito que deseja em seu público.
Incensada pela novidade com o lançamento de seu primeiro álbum, Weird Sister, a banda, agora em Peanut Butter, como diz seu nome, traz algo de ainda mais doce e pegajoso. Seja no uso das melodias, seja na mixagem do álbum, que parece encoberta por uma grossa camada de cola. É possível dizer que Peanut Butter até seria enjoativo, mas, muito inteligentemente, o grupo aproveita uma ótima característica Punk para evitar esse problema. O álbum não ultrapassa os 22 minutos de duração, mesmo ostentando dez faixas em seu conteúdo.
Uma mistura da raiva contemporânea de Perfect Pussy com a nostalgia doce Indie Pop de Alvvays é um bom modo de descrever os caminhos sonoros de Joanna Gruesome, embora seja justo afirmar que a busca do grupo é bastante individual e legítima. Diz-se que seus integrantes se conheceram numa sessão de grupos de apoio à controle de raiva. Faz sentido, se for verdade, dada a agressividade de sua música, ou se for uma lenda, dado o humor irônico que permeia a constituição da banda. Peanut Butter é uma explosão emocional, um acesso de angústia passageiro ou um descarrego elétrico, intenso, mas na medida certa.