Chris Clark é um artista e produtor inglês de espírito livre que, no momento de demonstrar a noção que possui sobre a própria música, gosta de utilizar metáforas com objetos concretos. “Esculturas musicais” ou “arquitetura sonora” (ao modo de Tim Hecker) são bons exemplos para tentarmos definir o esmero, a criatividade, o experimentalismo e a liberdade no seu processo de criação, como se este se resumisse à tentativa de capturar momentos de inspiração fugidios.
No seu trabalho anterior, o homônimo Clark, o artista parece ter encontrado, enfim, sua verdadeira personalidade (nada melhor do que o próprio nome na obra para atestar esse fato). Empresto as palavras de Nik Silva para contextualizar este que, talvez, tenha sido seu maior trabalho: “Em treze intensas faixas, que juntas somam 47 minutos e formam seu álbum homônimo, o produtor mostra uma bela e ambiciosa amálgama sonora, uma mistura intrincada, que consegue fundir diversos subgêneros da Música Eletrônica sem nunca perder a coesão.”
Se experimentalismo e liberdade fundem-se à composição introvertida e meticulosa em Clark, em Flame Rave temos um reflexo subsequente e mais extrovertido. Trata-se de uma faceta focada em agradar o público nas pistas de dança, com faixas mais inflamadas e animadas. São apenas quatro delas, mas que somam quase vinte e cinco minutos de duração. Temos, na abertura, a assertiva Silver Sun e a épica To Live and to Die in Grantham. Além destas, temos as heranças do álbum anterior: Springtime Linn em oposição à Winter Linn e Unfurla Cremated como descendente direta de Unfurla.
Menos experimental e mais focado no público e nas pistas de dança do que em si mesmo, Flame Rave é um reflexo de sua obra anterior, ápice da carreira do produtor até agora. Mas, mesmo assim, consegue construir uma identidade própria, totalmente coerente e, com ele, continua seu legado Eletrônico Experimental.