Além de figurar em nossa lista de melhores EPs do ano passado com Deaf Heat, Marika Hackman já despontou por aqui com outro trabalho de curta de duração em 2013, intitulado Sugar Blind. Além destes, temos em sua estreia também outro EP, chamado That Iron Taste. Por isso, quando falamos de We Slept at Last, podemos falar que Hackman debuta finalmente, para nosso prazer, com um trabalho de longa duração.
Seguindo a mesma linha de seus trabalhos anteriores, We Slept At Last habita um universo que parte do Folk, mas que incorpora o estilo à seu favor. Com músicas e etéras e melodias flutuantes, mas com temas cheios de melancolia e escuridão, a imagem escolhida para o primeiro clipe deste álbum é perfeita: o afogamento de Drown.
A frieza, a melancolia e a escuridão das águas emocionais são o “motivo” deste trabalho. Além de Drown, temos a faixa Ophelia que remete à personagem shakesperiana e reflete o mesmo tipo de energia lânguida e de pesar. A capa de We Slept…, por sua vez, é azulada e mostra uma pessoa adormecida. Por isso, tudo aqui joga com energias opostas entre a flutuação e o peso, o relaxamento e o afogamento.
Mas, não se engane, não há nada de arrastado ou monocórdico aqui. Além disso, embora seja possível traçar comparações de Hackman com os nomes ligados ao seu, o trabalho da musicista é muito pessoal, mesmo sem grandes revoluções sonoras excêntricas. O trabalho do produtor Charlie Andrew, o mesmo responsável pelos dois lançamentos de Alt-J, pode ser reconhecido, com seus elementos atmosféricos, eletrônicos, e etéreos de muito bom gosto. As influências musicas do Folk de Joanna Newsom e da obscuridade de Lykke Li (que tiveram versões cover nos EPs anteriores) também estão presentes, mas de um modo particular.
Uma obra de Folk contemporâneo de muito bom gosto, We Slept at Last cumpre a promessa dos vários EPs da cantora lançados até então, e consolida a obra pessoal de Marika Hackman como uma ótima Singer-Songwriter.
