Resenhas

Rafael Castro – Um Chopp E Um Sundae

Músico seduz “música gata” em disco que destoa de obras anteriores

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Ano: 2015
Selo: Independente
# Faixas: 11
Estilos: Pop, Eletro
Duração: 37:00
Nota: 4.0
Produção: Rafael Castro

Na entrevista com Perfume Genius, publicada aqui em 2013, o músico falou sobre artistas que tem “medo de fazer algo bonito, algo que apenas soe familiar”. “Bonito” não é o melhor adjetivo para o refrescante Um Chopp E Um Sundae, já que ele não é a menina que mais chama a atenção pela beleza, mas rouba os olhares pela forma como dança. Rafael Castro brinca sem medo de fazer um som Pop e dançante.

Essa “música gata”, como ele define contando sobre um sonho que teve durante o retorno de uma turnê pela Europa, mira muito mais em desafiar seus pés a não acompanharem o ritmo do que a análises profundas sobre métrica e composição. É “muito menos cabeça e muito mais quadril”, como citado no release do lançamento.

Ciúme abre o disco com um divertido monólogo que poderia muito bem ter sido inspirado em um cara explicando para a companheira uma saída desavisada ao bar, com versos como “Calma, Não tem mulher aqui, Se tem, Nem percebi”. Preocupado vai direto aos anos oitenta e poderia facilmente ter sido tema de novela da época – dá para visualizar ombreiras dançando se você escutar a faixa diversas vezes. O álbum passa então pela divertida homenagem a Caetano Veloso, na qual Castro pede simpaticamente ao público para ir ao seu show ao invés do cantor.

Ainda no clima oitentista, ele transforma Aquela, do grupo Raimundos, em um hit que pede um clipe chromakey (fica a dica, Rafael Castro) e teria tocado em festas infantis na década, no auge do turpor açucarado de brigadeiros, permanentes e pessoas fumando em uma época onde o cowboy da Marlboro ainda era símbolo de alguma coisa. A chicletona Bicho Solto marca a metade do disco, que mantém a festa quente em uma mistura de instrumentos analógicos e digitais.

O músico mostra que continua com a mão boa para letras espertas, bem acompanhadas pela produção que não deixa buracos em um disco que pode ser tocado na íntegra em uma festa, garantindo quase 40 minutos de folga para o DJ tomar um chopp (ou, um… você entendeu). Rafael Catro crê que os fãs mais ortodoxos “vão ficar putos” com ele, já que “sempre fui banda de rock”. Bom, aos síndicos de plantão que vão reclamar do volume alto, a perda é de vocês.

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ARTISTA: Rafael Castro
MARCADORES: Resenha

Autor:

Videomaker, ator e Jedi