Resenhas

Natalie Prass – Natalie Prass

Grandiosidade instrumental e delicadeza vocal se unem na excelente estreia da artista

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Ano: 2015
Selo: Spacebomb Records
# Faixas: 9
Estilos: Baroque Pop, Chamber Pop, Chamber Folk
Duração: 39:08
Nota: 4.0
Produção: Matthew E. White, Trey Pollard

Uma voz delicada, que em sua maciez exala naturalmente uma energia feminina poderosa, valsa em oposição a arranjos de cordas complexos e encorpados. Esta atmosfera barroca é onde desenrola-se a estreia de Natalie Prass, uma obra impressionante, ainda mais em se tratando de um debute.

Natalie Prass uniu-se a Matthew E. White, amigo de infância, para a elaboração de seu primeiro álbum, e deve a ele tanto parte das mazelas quanto das glórias de seu trabalho homônimo. Graças a White, Prass entrou em contato com o estúdio (e selo) Spacebomb com o qual, assim como o amigo, gravou suas primeiras faixas. Por isso mesmo, a atmosfera intensa que nos tanto nos impressionou em Big Inner (e também no EP subsequente Outer Face) pode ser, da mesma forma, detectada aqui. E é, aliás, também por conta do sucesso quase explosivo de Big Inner que Prass precisou ver o lançamento seu álbum postergado pelo selo que ambos compartilham.

Mas tudo bem, Natalie Prass chegou e toda a espera valeu a pena, pois agora a artista tem seu caminho livre para tomar o reconhecimento que merece. Embora seja uma singer-songwriter de Nashville, essa descrição está muito distante de ser fiel à sua música. Natalie Prass, o álbum, distancia-se do Country e ostenta arranjos orquestrados complexos e harmoniosos, que servem de base à voz segura – embora bastante suave – da artista. Essa mistura resulta em, como já dissemos, ares barrocos (assim como no trabalho de White) que flertam com o Chamber Folk. Seus três pontos altos revelam as principais características do trabalho: Bird of Prey, escolhida para ser o primeiro single, está ao lado da sinceridade Folk de Sharon Van Etten. Christy apropria-se das fórmulas barrocas para criar um universo que nos leva sem esforço (e à seu modo, claro), de volta à época seiscentistas. It Is You aprofunda-se ainda mais nos arranjos e seus ares romanticos exaltam o melhor das baladas da Disney.

Cantar a insegurança e as desilusões amorosas com tanta confiança é justamente o que dá o tempero antagônico de Natalie Prass. Uma excelente estreia, muito particular, mas que ajuda a definir uma cena muito interessante que está tomando forma graças ao selo Spacebomb. Fiquemos de olho.

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Autor:

é músico e escreve sobre arte