A Inglaterra pode não ser o berço do R&B, mas é de lá que tem saído grande parte dos melhores representantes da nova safra do estilo – nomes como Kwabs, BANKS, Jungle e Sam Smith, só para citar alguns. A jovem Laurel, de apenas 20 anos, é mais um desses nomes que surgem não só para aumentar esta lista, mas para realmente somar à cena.
Com seu novo EP, Holy Water, a moça consegue em pouco mais de quatorze minutos seduzir o ouvinte com um estilo melancólico e profundamente melodioso. São apenas quatro músicas, porém todas de um poder de fascínio ímpar. Elas se desenvolvem a partir dos mesmos elementos usados por estes nomes já citados, mascria com sua produção algo diferente, algo que parece brincar mais à vontade com a música negra e experimentar com ela ao trazer algo do Pop Alternativo de nomes como Lana Del Rey e FKA Twigs.
A produção não faz seu trabalho sozinha. Grande parte do encanto ao ouvir estas faixas vem do vocal, interpretação e lírica poética da jovem cantora. Com uma voz potente e um jeito de cantar às vezes quase declamado, Laurel parece potencializar o conteúdo de suas letras, mostrando suas forças e fraquezas do jeito mais Pop possível. Ouça o cinemático dueto Come Together, com o músico inglês Sivu, e isso ficará bem claro.
Usado como “pista de testes”, o EP se lança em cada música para um lado diferente, porém sempre mantendo a qualidade. A abertura fica por conta de I Forgot, que revela uma produção ambiciosa e com certo teor épico, colhendo sons grandiosos, texturas ruidosas e timbres estridentes. Memorials, por sua vez, tem uma pegada mais clássica, quase um clima retrô-futurista em slow-motion. A já mencionada Come Togheter tem um quê mais minimalista e experimental, que pode lembrar bastante a recente obra de FKA twigs. Incorporando elementos acústicos, a faixa-título encerra o EP mostrando o lado mais atmosférico da moça, criando uma fluidez que pode lembrar seus conterrâneos Phoria.
Holy Water não reinventa a roda, quando o assunto é o R&B ou qualquer nova nomenclatura que o estilo venha a receber, mas sabe bota-la para funcionar e fazê-la girar em diversos terrenos diferentes. A novata Laurel encanta não só por sua voz, mas também pelas letras emocionantes e certamente é um nome em que vale a pena ficar ligado nos próximos anos.