Resenhas

Charli XCX – Sucker

Corajoso, disco brinca com tendências do Noise Pop, Rock e Punk

Loading

Ano: 2014
Selo: Atlantic Records
# Faixas: 13
Estilos: Indie Pop, Noise Pop
Duração: 40:19
Nota: 3.0
Produção: Rostam Batmanglij, Benny Blanco, Cashmere Cat, Ariel Pink e Young & Sick

Depois do sucesso estrondoso das colaborações com Iggy Azalea (em Fancy) e Icona Pop (em I Love It), isso sem contar o de Boom Clap, Charli XCX finalmente fez seu caminho até o mainstream. Essas músicas em especial catapultaram a artista em frente a uma audiência significantemente maior que a atingida com seus dois primeiros álbuns e, se era esperado que a cantora refinasse seu som e seguisse um caminho do Pop mais cristalino, ela demonstrou coragem em contrariar essas expectativas e fazer um disco mais áspero, por mais que muito pegajoso e extremamente acessível.

De certa forma, Sucker parece unir a vasta gama de sonoridades de novos artistas que transitam entre o Pop e o Alternativo tem feito nos últimos anos, com a coragem de Lily Allen ao tentar inovar-se de forma tão contundente (mesmo que aqui falte a qualidade lírica de Allen), a acessibilidade Pop de Lorde (ainda que ela não consiga se comunicar tão bem com os adolescentes) e as guitarras ruidosas de Sleigh Bells (sem toda aquela abrasividade e atitude de Derek Edward Miller e Alexis Krauss). Não chega a soar como uma cópia, mas como um encontro dessas tendências sonoras. Infelizmente, parece que a identidade delas (ou, pelo que parece, mais se destacar na música de cada um desses nomes individualmente) falta na música de Charli.

Grande parte do disco se desdobra nessa referência ao Rock, Punk (como Charli chegou a dizer em algumas entrevistas) e até o Post-Punk (como em London Queen), deixando as faixas mais robustas e diversas sonoramente. Uma produção cuidadosa e com timbres que realçam a voz de Charli fazem de Sucker um disco bem instantâneo e muito apelativo ao público, provavelmente rendendo mais um ou dois singles que podem se destacar nas pistas de dança. E faixas como Hanging Around (com suas batidas e guitarras à la Slegih Bells), Body of My Own (que pode lembrar bastante os primórdios de Metronomy) e Doing It (com sua aura Haim) podem ser algumas dessas que em breve ouviremos à exaustão em festas.

Por mais divertido que seja, infelizmente, o disco me parece incrivelmente raso liricamente. Versos como “I don’t wanna go to school/I just wanna break the rules” (Break The Rules), “Gold coins everywhere,/Dollars up in the air/It’s a billionaires love affair” (Gold Coins) ou “Need some neon lights, wanna feel like I’m electrified/So help me out/Get your boyfriend’s car, come and pick me up/Oh, let’s take it for a ride/What trouble can we find?” (Famous) revelam uma grande superficialidade da cantora nesse quesito. Mesmo em padrão Pop e acessível, as letras poderiam ter algo a mais a oferecer ao ouvinte, algo que sua conterrânea Lily Allen consegue fazer muito bem.

No fim das contas, o que chama a atenção em Sucker é o trabalho dos tantos produtores que ajudaram Charli a construir suas batidas e melodias contagiantes (nomes como Rostam Batmanglij, Benny Blanco, Cashmere Cat, Ariel Pink e Young & Sick). Muito mais do que as letras compostas pela moça. Se isso era sintomático em True Romance, nesta obra isso se acentuou assutadoramente. Ainda assim, é um disco Pop divertido e dançante, perfeito para quem quer se balançar por aí sem nenhum compromisso.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: Lorde, Lily Allen, Sleigh Bells
ARTISTA: Charli XCX
MARCADORES: Indie Pop, Noise Pop

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts