Resenhas

2:54 – The Other I

Segundo disco das irmãs toma novas direções em relação ao primeiro

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Ano: 2014
Selo: 12
# Faixas: 12
Estilos: Rock Alternativo, Shoegaze, Atmospheric Rock
Duração: 50:26
Nota: 3.0
Produção: James Rutledge
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/the-other-i/id906799478?uo=4

Bandas com irmãs são muito legais. A relação que as integrantes possuem por terem vivido a vida inteira juntas reflete muitas vezes em sua personalidade e identidade musical. HAIM mostra a alegria e a descontração das três irmãs americanas, já First Aid Kit mostra como as garotas suecas viveram uma vida inteira de referêncas Folk dos anos 70. No caso de 2:54 temos uma relação que parecia bastante apoiada em bases Shoegaze e Noise pelo que pudemos perceber em seu disco de estreia autointutulado, de 2012.

Com este primeiro registro, as Thurlow ganharam justo reconhecimento e, quando anunciaram que lançariam um novo trabalho, ele figurou em nossa lista de registros mais esperados de 2014. Pois bem, chegou a data e parece elas morreram e foram substituídas.

The Other I é um disco feito por outras irmãs. A prova disso já nos vem de cara na primeira faixa, Orion, na qual ao invés do caos e da imersão Shoegaze de outrora, vemos uma ambientação quase que Post-Rock e algo bem mais celestial e etéreo. O hipnotismo do primeiro ainda está presente, porém desta vez ouvimos algo que evoca referências mais distintas e opostas de 2: 54. Mesmo ainda usando exaustivamente reverbs, a proposta aqui parece ser outra. Nada aqui é desgradável de ouvir, mas, certamente, estranho quando consideramos o passado.

As irmãs tentam explorar novas áreas e isto é louvável, afinal, ficar na zona de conforto nunca é uma opção inteligente ou criativa. Mas, de fato, é um choque. The Monaco nos mostra uma espécie de Folk Etéreo, South remete a uma mistura bem executada de Warpaint e Simian Ghost, já a faixa Blindfold aposta em um ritmo mais animado e um vocal mais melódico, lembrando até mesmo as irmãs HAIM. Claro que existem indícios das sonoridades hipnóticas do outro disco, em composições como Sleepwalker e Raptor. Porém, elas se mostram em menores quantidades dando espaço para novas ambientações.

Como dito antes, não se trata de um disco ruim, apenas chocante. Talvez seja uma questão de tempo para processar esta mudança que pode desagradar muitos, porém pode interessar um novo grupo de fãs. É um álbum muito bem produzido, que conta com a participação do produtor James Rutledge, famoso por ter trabalhado com Radiohead.

Uma mudança abrupta, porém um bom trabalho.

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BOM PARA QUEM OUVE: Alvvays, Savages, Warpaint
ARTISTA: 2:54

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique