Resenhas

Nicholas Allbrook – Ganough, Wallis & Fatuna

Primeiro disco solo de ex-Tame Impala mostra talento do músico com a psicodelia

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Ano: 2014
Selo: Spinning Top Records
# Faixas: 9
Estilos: Rock Psicodélico, Experimental, Lo-Fi
Duração: 46:23
Nota: 3.5
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/ganough-wallis-fatuna/id908894484?uo=4

Se o nome Nicholas Allbrook não desperta a menor curiosidade, é bom saber que ele é um dos cavaleiros da psicodelia moderna. Ele ganhou fama primeiramente com o sucesso da cena australiana psicodélica, da qual sua ex-banda Tame Impala e Pond são os principais representantes. Agora, ele mostra ao público sua face pura em um trabalho solo sob o título de Ganough, Wallis and Fatuna e que, obviamente, não podia deixar de mostrar o que a Austrália tem oferecido de melhor nos últimos quatro anos: a lisergia.

Tramadol With Fear abre o disco já nos deixando claro que esta será uma viagem longa, com guitarras extremamente vibrantes e uma ambientação repleta de reverbs e um acompanhamento downtempo, remetendo, às vezes, à composições do primeiro disco de MGMT. Já Pretty Story nos traz algumas referências à cabeça que, ironicamente, não são tão conhecidas por serem essencialmente psicodélicas, como Deerhunter. É curioso ver que, mesmo tendo participado de uma bandas mais importantes da psicodelia de hoje, a obra solo de Nick Allbrook se mostra diversa e bem diferente da sonoridade mostrada em Lonerism.

Esta talvez seja uma das reflexões mais interessantes que a audição de Ganough, Wallis and Fatuna possa nos trazer. O intuito principal da psicodelia é a de nos gerar imagens e alucinações diferentes e, mesmo que isto dependa muito das experiências prévias do ouvinte, a natureza de cada música raramente será a mesma. Portanto, o disco de Nick Allbrook nos deixa comprovado que este é um domínio cuja maestria ninguém pode te tirar, afinal, gerar nove músicas sem ao menos lembrar de elementos presentes em músicas de Tame Impala e Pond é algo louvável e impressionante.

Embora Nick nos mostre um excelente registro, não chega a ser exatamente uma novidade, mostrando, na verdade, um novo capítulo de um livro muito agradável de se ler. Apesar de não mostrar algo que fuja a sua zona de conforto, é um ótimo material para quem espera por um novo disco de Tame Impala.

Mais um capítulo muito bem escrito para a grande história da cena psicodélica australiana.

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BOM PARA QUEM OUVE: Foxygen, MGMT, Deerhunter

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique