Se Our love é o primeiro trabalho de Caribou que você está ouvindo, é importante saber algumas coisas. Dan Snaith é o produtor por trás do projeto e, durante toda a sua carreira, passeou por diversos estilos, merecendo o título de músico “experimental”, não pela conotação que a palavra normalmente recebe na música, mas por seu significado mais puro, que adjetiva alguém que experimenta diferentes caminhos e possibilidades. Por isso, apesar de não chegar a ter um trabalho extremamente vanguardista e inacessível, suas produções são para os que gostam do imprevisível, estabelecendo-se, acima de tudo, como música de seu tempo.
A introdução se faz importante, pois Our Love é o disco mais acessível de Dan Snaith sob o nome de Caribou – o primeiro em quatro anos – e pelo crescimento recente de sua exposição – com algumas faixas fazendo grande sucesso em pistas pelo mundo -, o músico parece ter aproveitado a onda e deve conquistar muitos novos ouvintes. Mas não leia isto de forma negativa. Durante sua carreira, Caribou sempre ajudou a levar a música a um novo nível, mas parece que desde Swim (2010) e também com seu projeto Daphni, o produtor gostou do nível que atingiu e preferiu explorá-lo e curti-lo mais um pouco e é aí que percebemos o domínio que foi conquistado por ele durante este período.
Isto fica nítido já na primeira faixa – e single – do álbum, Can’t Do Without You. Nela, Caribou já expõe toda a confiança que ganhou como produtor, guiando nossas emoções como se as tocasse com as mãos. Todo o trabalho criado na construção da faixa que vai crescendo durante seus quase quatro minutos, é impressionantemente seguro e potente, sem precisar de muitos elementos pra transmitir sua ideia de amor – sentimento central do álbum, já evidente desde a leitura do título.
Quem ouviu apenas a música de abertura e a canção título do álbum, ainda não tem uma ideia completa do trabalho, já que estas talvez sejam as mais diretas – por isso, talvez as mais carregadas de sentimento – das dez. Se estiver ouvindo na ordem, a partir da segunda, Silver, já é possível perceber mais características de Dan Snaith, o quanto consegue continuar extremamente Pop, mas sem a previsibilidade de outros nomes, inserindo elementos inusitados e brincando com a estrutura da canção.
O que mais chama a atenção durante o álbum, e o que o diferencia de outros de excelentes nomes como Disclosure ou mesmo The Juan Maclean é sua versatilidade, não sendo criado especificamente para as pistas ou para os fones de ouvido. Ao assistir ao melancólico clipe de Our Love, foi quando percebi que dependendo do contexto, a mesma faixa pode ser empolgante, triste, nostálgica ou romântica, o que não é algo produzido por qualquer nome de primeira viagem.
Portanto se este foi seu cartão de visitas para o trabalho do produtor, absorva-o bastante na tentativa de entender a essência da heterogênea obra de Caribou (e de Dan Snaith) antes de partir para outros discos como Swim e procure abrir ainda mais a cabeça antes de pular para os menos eletrônicos – e mais pirados – Andorra e The Milk of Human Kindness, mas não deixe de passear por uma das mentes mais presentes da música contemporânea.