Resenhas

The Drums – Encyclopedia

Terceiro disco da banda retrata fragilidade do momento em que se encontra

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Ano: 2014
Selo: Minor Records
# Faixas: 12
Estilos: Surf Pop, Post-Punk, Indie Pop
Duração: 48:33
Nota: 2.5
Produção: The Drums
Itunes: https://itunes.apple.com/br/album/encyclopedia/id901741424?uo=4

Perder integrantes é algo que põe em risco uma série de qualidades de uma banda. Às vezes, essa perda é superada mostrando uma rápida reorganização após o trauma, não alterando na qualidade de sua obra, como foi o caso do novo disco de Alt-J. Entretanto, a vida não é sempre um conto de superação e, por vezes, um realismo frio se revela diante de nossos ouvidos, como ouvimos no desastroso último lançamento de Pixies sem a baixista Kim Deal. Infelizmente, estamos aqui para narrar mais os fatos do que nossas esperanças e é com grande com pesar que presenciamos um momento que não achamos que viveríamos para ouvir: um disco fraco de The Drums.

Encyclopedia marca o primeiro registro da banda sem o integrante Connor Hanwick e retrata um momento frágil no qual os integrantes remanescentes se reerguem de um quase-término das atividades. Com doze faixas, o álbum não ganha o nome à toa. Parece que o que é exposto aqui são definições conhecidas do que já conhecemos por The Drums e seus discos passados. Não é como se o texto visto em uma enciclopédia tivesse, cada qual, seu encanto próprio, mas um registro com um propósito mais expositivo do que poético e único. Uma espécie de álbum nos mostra apenas fórmulas prontas e que vivem em um passado.

Veja bem, não é um disco ruim mas, certamente, não reflete o melhor momento da banda. Como dito em um de nossos artigo, a sonoridade de The Drums sempre foi marcada por mostrar uma mistura de elementos de décadas distintas e agrupar em uma colcha de retalhos que acomodou os integrantes em procurar em seu passado fórmulas do passado e reaplicá-las. Kiss Me Again, Face Of God e Magic Mountain exemplificam bem aquele sentimento de “já ouvi isso antes” que percorre em vários outros momentos da banda. Certamente, quem gostou de Portamento e The Drums tem tudo para gostar de Encyclopedia, mas nada aqui vai te levar além do que você já conhece.

Outro fato que deixa o disco de certa forma entediante é a estrutura simples e cômoda das faixas. Os timbres fantasmagóricos e clássicos da banda estão aqui em peso, mas isto parece ficar em segundo plano quando vemos estruturas repetidas incessantemente tomar conta de quase toda a duração da música. Um leitor poderia afirmar que isso contribui para o aumento da sensação de lisergia do disco. Sem dúvida, há aqui um aumento na psicodelia em relação aos outros trabalhos. Porém, para que seja alcançado tal propósito, a repetição deve ser um elemento estudado como qualquer outro instrumento colocado e não simplesmente inserido com a finalidade de que ele por si só entregue à composição a lisergia que se deseja alcançar.

Com um resultado abaixo do esperado, ficam votos de que a banda se erga e analise melhor as possibilidades que tem agora que é composta por um duo. Vale a pena escutar para novas possibilidades de sonoridades já conhecidas. Mas ainda falta aquela surpresa que tínhamos nestes álbuns. Ficam votos por um disco mais poético e menos enciclopédico.

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BOM PARA QUEM OUVE: Beach Fossils, MGMT, Real Estate
ARTISTA: The Drums

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique