Resenhas

Banda do Mar – Banda do Mar

Primeiro disco do “super trio” chega como um favorito instantâneo graças ao teor emocional e “feel good”

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Ano: 2014
Selo: Sony Music
# Faixas: 12
Estilos: Pop Rock, MPB, Indie Rock
Duração: 43:50
Nota: 4.0

Creio que a palavra que mais rondou o lançamento de Banda do Mar foi “expectativa”. Em um nível mais básico, me refiro à ansiedade de ver o disco sair mesmo, já que foram três meses e meio entre o anúncio do projeto e a chegada do álbum. Mais significativo ainda era o desejo de ver mais dos saudosos Marcelo Camelo e Mallu Magalhães, que não lançam nada inédito desde 2011. Havia ainda a curiosidade para conhecer o tal som, que diziam ser algo muito diferente do que os dois já faziam antes. Agora que já escutamos o resultado, a única das expectativas que não foi cumprida foi essa última, já que o LP traz bem o que esperávamos de algo que o casal produzisse. Felizmente.

Digo isso porque imagino que quem se interessará pelo disco no Brasil é justamente o público dos dois músicos (e uma considerável parcela do contra que quis ouvir só para falar mal, mas isso não vem ao caso). No fim das contas, o português Fred Ferreira (um novo conhecido por aqui, mas já considerado pacas) adicionou um tempero que não mudou, mas completou o som de Mallu e Camelo no que resultou ser a identidade que Banda do Mar possui sem negar aqueles dois terços do seu DNA.

É um álbum Pop muito gostoso de se ouvir, com um pezinho na Surf Music e um ou outro momento bem alinhado aos novos ares da música brasileira, sem medo de se arriscar a ficar pesadinho em alguns trechos (e quem conhece o trabalho de Fred não vai se surpreender com isso). Às vezes dançante e sempre divertido, dá pra sacar que é um trabalho feito pra te fazer sorrir.

No meio disso tudo – e eu não desconfiei que algo assim aconteceria com um dos três -, Mallu consegue se destacar, mostrando sua maturidade e a melhor forma de sua carreira. Ela está mais segura de sua voz e sabe interpretar o Rock sem perder em momento nenhum sua personalidade. Chega a dar a impressão que o hit Velha e Louca era um grande ensaio para a vocalista que ela viria a ser neste projeto.

Serão poucos os fãs de Mallu que não gostarão das músicas que ela canta, assim como quem gosta de Camelo encontrará um prato cheio em músicas como Faz Tempo e Dia Clarear. Essa separação entre as faixas “dela” e “dele”, contudo, acaba sendo um lado negativo do álbum. Talvez se fizessem mais duetos (como em Pode Ser) a sensação de unidade seria bem maior e víssemos o lançamento mais como algo feito em conjunto.

Isso fica mais grave por se tratar justamente do primeiro disco da banda e pior ainda por já conhecermos seus membros tão bem a ponto dessa polarização ser drástica. Assim como Camelo viveu a disparidade entre música dele e de Rodrigo Amarante nos quatro álbuns lançados por Los Hermanos. Mesmo se as músicas foram compostas em conjunto, isso dificulta um pouco a visão de Banda do Mar como uma coisa só.

Não que isso atrapalhe na hora em que você for ouvir a lindíssima Vamo Embora, sorrir com a letra de Muitos Chocolates ou ter sua atenção chamada pela beleza de Solar (a mais diferente do álbum), mas é interessante prever a dinâmica que essas faixas terão com o público mais de um e mais de outra. Quem sai ganhando é Fred, que consegue se fazer presente por todo o álbum e mostra que, de tanta convivência, já está digno de ser chamado de brasileiro (mais especificamente de mineiro) no quesito “come quieto”.

Banda do Mar é envolvente e sua maior qualidade está no teor emocional que suas composições possuem aliado ao feel good das faixas. Um favorito instantâneo como poucos lançados no Brasil ou do outro lado do Atlântico recentemente.

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BOM PARA QUEM OUVE: Real Estate, Best Coast
ARTISTA: Banda do Mar
MARCADORES: Indie Rock, MPB, Pop Rock

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.