Não há como não apontar os 16 anos que separam Frame and Canvas (1998) de No Coast. Em uma década e meia, muita coisa pode mudar, inclusive o cenário que o quarteto norte-americano Braid ajudou a criar na década de 90. Você sabe o quanto Emo/Post-Hardcore mudou desde aquela época e de como novos grupos estão fazendo o estilo ganhar popularidade novamente, assim como o fato de bandas como American Football e Mineral estarem voltando à ativa para reanimar seu material antigo. Bob Nanna e seus comparsas por outro lado estão de volta para criar novidades, para apresentar aos seus fãs material inédito.
Desmembrado em 1999, o grupo voltou em 2011 para gravar um EP e fazer alguns shows. O resultado de Closer To Closed não foi dos melhores. A banda não estava simplesmente repetindo o que já fez no passado, mas parecia não saber como se portar na nova realidade que estava inserida – vale lembrar que na época o Emo ainda ganhava olhares tortos de todos que lembravam daquela cena de franja e lápis no olho do meio dos anos 2000. Ainda assim seus membros mantiveram contato e continuaram a compor. Ao mesmo tempo, a cena se fortalecia e em 2014 nunca pareceu mais apropriado lançar um novo álbum.
Assim nascia No Coast e era de se imaginar com toda essa onda de nostalgia que Nana e companhia continuariam de onde Frame and Canvas havia parado no fim dos anos 90, mas ao ouvir o álbum percebe-se que os músicos optaram por não seguir a cartilha de seu maior sucesso e inovar seu som sem necessariamente se reinventar. Aqui, há muito de bandas novas, como You Blew It! e Title Fight, sem deixar de lado o som “típico” do Braid.
O que mais fica evidente aqui é que o tempo fez o grupo aparar suas arestas. Com uma produção menos ruidosa (bem mais clara e limpida), letras que se adpatam à idade do grupo (agora, 16 anos mais velhos e com seus 20 e poucos já há muito passados) e, de certa forma, mais calma em suas faixas (agora sem tantos gritos e sem aquela pressa ou urgência que se via), o grupo parece mais maduro – e isso se sente não só pela idade, mas pela melhor canalização das energias e na maior sabedoria em unir seus elementos (chegando ao ponto de This Is Not A Revolution lembrar muito algo de Death Cab For Cutie. .
É claro que marcas registradas como as linhas de guitarra de Nana e Chris Broach (como em Lux e Doing Yourself In) e a bateria dinamica de Damon Atkinson (Bang e Damages!) continuam presentes e impecaveis, mas agora a banda sabe que não precisa mais cantar das angústias adolescentes, afinal, seus integrantes cresceram, assim como seu público.
O mais interessante é perceber que o grupo sabe seu lugar e não tenta criar um novo Frame and Canvas. Ao invés de revisitar seu passado simplesmente por conveniência ou por algum senso de nostalgia, Braid olha para frente e faz de No Coast ao mesmo tempo uma carta de apresentação a novos fãs e um bilhete de um velho conhecido chegando aos antigos fãs. Não algo complemtamente novo, não algo puramente nostálgico, como o a banda diz em uma de suas faixas: “This Is Not A Revolution”.