Resenhas

Kid Foguete – Pure Places EP

Quinteto paulistano mostra trabalho maduro e mescla influências para criar um som único

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Ano: 2014
# Faixas: 6
Estilos: Indie Rock, Rock
Duração: 30:47
Nota: 3.5
Produção: Billy Oh e Kid Foguete
SoundCloud: https://soundcloud.com/kid-foguete/sets/pure-places

O quinteto paulistano Kid Foguete, que tem seu nome inspirado no conto Kid Foguete no Matadouro de Charles Bukowski, traz agora seu segundo EP Pure Places, sucessor de Asteroids, lançado no ano passado. O registro conta com seis canções autorais que misturam influências diversas como Indie Rock, Shoegaze, Rock Alternativo, Emo e… Pop? Sim, uma das tags do EP no Soundcloud da banda é “Pop” (e no fundo, é meio Dirty Pop mesmo). A união de tantos estilos resultam em um som tão único que é difícil definir ou classificar, e talvez o mais justo a dizer é que “Kid Foguete é tipo Kid Foguete”.

Mostly Blue

O EP é um equilíbrio bem sucedido em diversos pontos. As faixas são instrumentalmente bem executadas, dando a possibilidade do ouvinte se perder diversas vezes nas músicas, como em Mostly Blue, que tem pelo menos três grandes momentos distintos, em pouco mais de cinco minutos. Ela mescla instantes mais calmos e outros de explosão total, como uma surpresa pra quem ouve pela primeira vez. Os arranjos sempre bem trabalhados dão margem para viajar e, no momento certo, o vocal volta com força e te puxa com tudo pro chão, para uma outra atmosfera que mescla realidade e fantasia. Talvez essa força seja a própria gravidade, como em Gravity e Going Out, dois grandes destaques do EP, que trazem uma leveza despretensiosa, boa demais pra quem está com os ouvidos atentos o suficiente pra deixar se levar pelo som.

Gravity

Todas as faixas tem seu auge, seus próprios pontos de explosão. Cada uma é muito particular e espera para crescer e amadurecer no momento certo, com a ajuda dos instrumentos e vocal. O vocal, por vezes distorcido, tem uma natureza muito pura em meio aos instrumentos, que dialogam o tempo todo entre si. Se ele tivesse cor, seria azul. Sua presença é pacífica, mas emocional e instigante quando necessário.

A audição é muito fácil e flui naturalmente. Todas as faixas são dotadas de uma ambiguidade indefinida, o que acaba sendo um ponto bastante positivo para o ouvinte. Talvez, a explicação para isso seja a intensa mistura dos instrumentos com as letras sentimentais e o vocal suave. Às vezes, as canções se apresentam mais divertidas e leves como em The Headlines, outras vezes mais melancólicas, como em Ocean Deep e Red-Bellied Trush.

Seja com um tom mais leve ou não, as seis faixas dão espaço e liberdade para quem as ouve. É daquele som “sem hora, nem lugar” pra “acontecer”. Os pouco mais de trinta minutos passam voando, e logo se está contagiado pela atmosfera desse lugar puro e instigante onde Pure Places está abrigado. Se você tentar pegá-lo, o som vai escorrer entre os seus dedos. E antes que tenha tempo de definí-lo ou consiga parar para pensar, já estará apertando o replay para ouvir o EP mais uma vez.

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ARTISTA: Kid Foguete
MARCADORES: Ouça, Resenha

Autor:

Largadora por vocação. Largou faculdades, o primeiro namorado e o interior. Hoje só quer saber de arte, cinema, música, fotografia e sair correndo pelo mundo.