Resenhas

Sia – 1000 Forms Of Fear

Cantora mostra que experiência e maturidade resultam em um trabalho completo

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Ano: 2014
# Faixas: 12
Estilos: Pop, R&B-Pop
Nota: 3.5
Produção: RCA

Sia é um dos grandes mistérios da música Pop atual. Com uma voz potente sem rosto, a australiana tem um dos currículos mais completos entre as musicistas do seu gênero. Traz uma longa experiência desde a composição até interpretação, solo ou ao lado de grandes nomes, com uma lista quase que interminável: Britney Spears, Christina Aguilera, Rihanna, Beyoncé, David Guetta, Flo Rida, Angel Haze, Zero 7. É uma hitmaker por natureza, e já provou que faz música até de mãos amarradas, se necessário. Com 1000 Forms of Fear, primeiro álbum dos últimos quatro anos desde We Are Born, Sia continua se mantendo distante das outras cantoras, provando que seu forte permanece entre a fragilidade e força.

Sia é uma cantora única. Ela quer chamar menos atenção do que Ke$ha e ser mais moleca que Katy Perry, mas ainda mostra-se mais apaixonada por garotos do que Taylor Swift. É tão suscetível ao abuso de drogas e álcool quanto os outros, lembrando inclusive um período que passou em sua vida pessoal. É uma mistura de muitos elementos formando uma cantora única, que tem procurado manter sua identidade em segredo durante suas apresentações, apesar desta não ser novidade para ninguém.

Como não podia deixar de ser, 1000 Forms Of Fear traz diversas músicas com potencial para tornarem-se hits. O disco abre com a impactante Chandelier, uma das músicas do ano, com um clipe que alcançou mais de 50 milhões de visualizações, e abriu espaço para que a cantora se tornasse extremamente acessível para diversos públicos. Não tem como negar que esta é uma das melhores faixas do álbum, sabiamente escolhida como o primeiro single a ganhar um belíssimo clipe, e carro-chefe do trabalho. É também a faixa que demonstra logo a força da cantora, tanto com sua letra, quanto na potência vocal.

As faixas que seguem são menos expansivas e mostram um pouco da fragilidade de Sia. Big Girls Cry, Eye Of The Needle, Straight For The Knife e Fair Game são bons exemplos disso, mas a fragilidade neste caso não tem uma conotação pejorativa. Se de um lado a cantora não tem medo de ser sincera e tratar de assuntos clichês como amor e “garotos”, referindo-se inclusive a si mesma como uma “garota” (e não “mulher”), do outro, as letras não deixam a desejar e servem como um perfeito suporte às melodias, até quando os assuntos são os mais óbvios possíveis. Sia não tem medo de ser frágil, mas é forte o suficiente para abraçá-la e cantar que sim, ”Big girls cry when their hearts are breaking”.

Elastic Heart é outro grande destaque do álbum, com uma mistura de R&B e Pop. A canção foi composta para a trilha sonora do filme Jogos Vorazes – Em Chamas, e conta com a participação de The Weeknd e Diplo. Sia, mais uma vez, mostra sua grandeza musical e, apesar de ser uma faixa que traz uma sonoridade diferente e conta com participações, não destoa do restante do álbum.

Em 1000 Forms Of Fear, todas as músicas seguem o padrão Pop: elemento rítmico consistente e perceptível, um estilo dominante e uma estrutura tradicional simples. As melodias são cativantes, com letras focadas em assuntos comuns – neste caso, o amor, os relacionamentos e dramas pessoais. Mas Sia mostra que a experiência de mais de 18 anos de carreira como musicista, traz um peso do amadurecimento que é claro desde a primeira até a última faixa.

Free The Animal é uma faixa que cresce, e sua posição mais para o fim do álbum ajuda a manter o pique do início. Fire Meet Gasoline e Cellophane são faixas mais introspectivas, que parecem mais focadas em explorar os graves de Sia, mais calmas e com uma pegada mais acústica do que as outras. Dressed In Black é a última e mais extensa faixa do registro, e a mais densa. É forte e encerra o álbum com a figura grandiosa de Sia em meio a uma batida pesada e mais carregada.

Sia traz nas doze faixas de 1000 Forms Of Fear um álbum liricamente e melodicamente forte, com potencial para ter uma sobrevida longa em meio ao mundo instantâneo do Pop. Ela prova que a experiência traz uma segurança incomparável ao trabalho, aliando maturidade à velha fórmula do sucesso, mesmo que se esconda atrás de sua voz e não queira tomar crédito pelos seus méritos.

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BOM PARA QUEM OUVE: Foxes, Kimbra
ARTISTA: Sia
MARCADORES: Ouça, Resenha

Autor:

Largadora por vocação. Largou faculdades, o primeiro namorado e o interior. Hoje só quer saber de arte, cinema, música, fotografia e sair correndo pelo mundo.